sexta-feira, 28 de junho de 2013

2217 - Tempos difíceis para os colonos pioneiros


Lindolfo Collor, a antiga Picada 48, ainda guarda muito daquilo
que foi construído pelos antigos colonos





Carlos: “Ora, Vovô, se o Padre Blees ainda não tinha vindo, quem é que servia na igreja nova?"
Vovô: “Pois é, Carlos, naqueles tempos uma missa era raridade. Muitos piás e muitas gurias da idade de vocês nunca haviam assistido a uma missa. Uma ou duas vezes ao ano vinha um vigário brasileiro, lá de Sant’Anna (1). Geralmente havia uma dúzia de crianças para batizar. Uma vez havia 25 crianças, dos quais 13 piás e 12 gurias. Sempre tinha também 3 a 4 pares de noivos para serem casados. A maioria dos adultos praticava os Sacramentos, ao menos no período da Páscoa. Para se confessar era a coisa mais simples, pois o padre, através do intérprete, que durante muito tempo foi o Mathias Martini, mandou que aqueles que quisessem exercitar o Santo Sacramento da Penitência, se ajoelhassem e anunciassem arrependimento e propósito de melhora. Feito isto, o intérprete anunciava o perdão e a penitência, seguindo-se a absolvição anunciada pelo padre. Na missa seguinte podiam comungar.
            Por outro lado, as 14 Colônias (2)  fizeram seus primeiros ofícios no cemitério, debaixo de uma árvore. No ano de 1844 construíram sua primeira capelinha. Nikolaus Feltens e Jakob Ludwig fizeram o serviço de carpintaria. Mesmo que naquela época pouca coisa conseguíamos fazer pela igreja, desde o início tudo o que fizemos foi de coração e com todas as forças de que dispúnhamos. 
Já naquela época, os pais de família tinham a especial preocupação de que seus filhos aprendessem a ler e escrever. Já naqueles tempos, as aulas na Picada eram ministradas por Birnfeld, mas as aulas eram nas casas e ele ia trocando de casa a cada semana. 
Nas 14 Colônias, as primeiras aulas foram dadas pelo Hans Adam Klein: No entanto, nessa escola havia uns moleques esquisitos como alunos. Havia dois ou três que já tinham uns 16 ou 17 anos e que vinham da picada do outro lado. Eles traziam suas espingardas e cães de caça e durante o trajeto abatiam muitos bichos para o assado do almoço. 
 Vejam, crianças, naqueles tempos piás grandes não tinham vergonha de ir à escola, porque percebiam a utilidade de se aprender algo na juventude. E agora, aos 12 anos, quando terminam o período escolar, as crianças acham que quase é um vergonha pegarem um livro em suas mãos. Na Picada Nova também instalaram logo uma escola, dirigida inicialmente pelo Hammes, no que foi sucedido pelo Stephan Karling.
            Desse modo, crianças, mesmo com todas as dificuldades por que passávamos, rapidamente conseguimos melhorar um pouco de situação, pois já tínhamos igreja e escola e também havíamos conseguido algum gado. De modo que, aos domingos e dias santos, podíamos consumir alguma carne. Ao invés de bobó de abóbora tínhamos batatas e no lugar de mingau de quirera de milho tínhamos pão autêntico. Encontramos também uma maneira bem sucedida de fazermos nossas plantações e logo teríamos tido algum progresso se não tivéssemos sido atrapalhados, primeiro pelos bugres e depois pelo farrapos."

1 - Capela de Santana
2 - Atual cidade de Lindolfo Collor


Texto traduzido do alemão, disponibilizado por Hari Klein
Foto do acervo de Moacir Johann

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