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70ª Sessão Ordinária
Realizada em 18 de setembro de 1997.
GRANDE EXPEDIENTE
O Grande Expediente de hoje será em homenagem ao ex-Deputado Constituinte Pompílio Cylon Fernandes Rosa.
Coube ao Deputado Paulo Azeredo, proferir o discurso em homenagem ao seu conterrâneo montenegrino e o fez com as seguintes palavras:
Pompílio Cylon Fernandes Rosa, foi um homem que não só fez uma das mais belas trajetórias pessoais, como também ajudou a escrever grandes páginas da história do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Não temos a menor dúvida de que sua retidão de caráter e honradez pública foram foriadas no trabalho, pois desde menino auxiliava seus pais.
Membro de uma família de seis irmãos, formada por Jacinto, Homero, Antônio Carlos, Dila e Deli, o Dr. Cylon Rosa era o primogênito do casal Antonio Machado e Orcina Fernandes Rosa. Nascido em 27 de maio de 1897, o nosso homenageado estaria comemorando neste ano seu centenário de nascimento. Em 1926, contraiu matrimônio com a Sra. Anita Machado Rosa, resultando dessa união o nascimento de Antonio Machado Rosa Neto, Yolanda Rosa Rodrigues de Freitas e João Batista Rosa, aqui presentes, bem como cunhados, sobrinhos, genros, noras, netos e bisnetos. No ano de 1969, seus sentimentos foram duramente atingidos com o falecimento de sua esposa. Passados muitos anos, em 1978, contraiu segundas núpcias com a Sra. Neli Isolete Rosa.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, desde jovem o homenageado conquistou seus espaços com muita determinação. Concluiu os primeiros estudos na Escola Elementar de Montenegro, onde se formou com distinção aos 15 anos de idade.
Em Porto Alegre, no ano de 1917, concluiu o Curso de Humanidades, habilitando-o ao ingresso em curso superior.
No ano de 1923, diplomou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Porto Alegre, retornando após a sua terra natal, onde passou a exercer a advocacia.
Em cumprimento ao serviço militar, o Dr. Cylon Rosa passou a integrar, em 1914, o Tiro de Guerra na cidade de Montenegro.
Já em 1924, o nosso homenageado foi eleito, em Montenegro, Conselheiro municipal, o equivalente, hoje, ao cargo de vereador. Exercer cargo público à época, além de tudo, era uma afirmação do sentimento de servir ao povo, já que o mandato era gratuito. Exerceu a presidência da Câmara de Vereadores até 1928. Após essa data, foi nomeado consultor jurídico da prefeitura.
Durante a Revolução de 1930, serviu como tenente na coluna do Nordeste, comandada pelo General Waldomiro Lima, seguindo para o Rio de Janeiro, onde participou da tomada do poder.
Regressando ao Rio Grande, partilhou do Conselho Municipal de Montenegro até ser indicado para concorrer à Assembléia do Estado.
Em 1934, foi eleito deputado estadual, sendo o mais votado entre os seus pares, integrando a Assembléia Constituinte, que, após, foi transformada em Assembléia Legislativa, na qual o Dr. Cylon Rosa assumiu a Presidência da Comissão de Finanças e Orçamento.
Em uma sessão plenária, por ocasião da discussão do projeto de orçamento, o parlamentar emprestou todo o seu conhecimento de homem público e assim se pronunciou:
"Graças à ação coordenadora da atividade febricitante dos rio-grandenses que o general Flores da Cunha vem exercitando, desenvolve-se a agricultura, progride a pecuária, intensificam-se todas as demais indústrias, cresce vertiginosamente a produção. Novas linhas férreas e estradas de rodagem modelares propiciam a circulação material dos produtos, desenvolve-se o comércio. Incrementa-se a exportação, e os 'superavits' da nossa balança comercial fornecem índice seguro da plena higidez do organismo econômico do Estado. E, enquanto quase todos os povos do mundo se debatem nos estertores da maior crise da história, o povo rio-grandense desfruta uma situação econômica auspiciosa e promissora. Podemos, pois, confiar no futuro".
Ilustre Dr. Cylon Rosa, de saudosa memória, gostaríamos de repetir essas suas palavras. Como seria bom se nosso Rio Grande desfrutasse nos dias de hoje dessa favorável situação.
Essa continua sendo a nossa luta hoje, à testa da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo. Queremos novamente um Rio Grande promissor, com um setor primário rico, proporcionando também aos pequenos produtores condições de desenvolvimento econômico e social.
ADMINISTRADOR
ADMINISTRADOR
Sr. Presidente, a trajetória desse vulto histórico ainda vai muito além. Em 1937, com a dissolução da Assembléia, foi nomeado Diretor e, em seguida, presidente da Caixa Econômica Federal do Rio Grande do Sul.
Em 1944, ocupou o cargo de secretário dos Negócios do Interior e da Justiça. Realizou incessante trabalho, em prol da recuperação dos menores abandonados, problema esse que, naquela época, já preocupava as autoridades constituídas. Chamado ao novo desafio, portou-se com honradez, dignificando o cargo.
Com a ascensão à presidência da República, do General Eurico Gaspar Dutra, o Dr. Cylon Rosa, foi designado, em 1945, para governar o Estado. O seu secretariado foi assim constituído: Secretaria do Interior - Walter Jobim, posteriormente substituído por Otacílio Moraes; Secretaria da Fazenda - Oscar Fontoura; Secretaria de Obras Públicas - Batista Pereira; Secretaria da Educação - Francisco Brochado da Rocha; Secretaria da Agricultura - Desidério Finamor.
O Governo Cylon Rosa dedicou sua atenção, de modo muito especial, às necessidades do setor rural, determinando enérgico combate às várias epidemias que dizimavam os rebanhos rio-grandenses, conseguindo praticamente erradicá-las.
Ainda no seu governo, oportunizou a execução do plano que objetivava dotar o Rio Grande de usinas elétrica, capazes de sanar, a carência desse inestimável fator de riqueza e de progresso.
Promulgada a Constituição federal, foi marcado o dia 19 de janeiro de 1947 para as eleições da Constituinte estadual e do Governo do Estado. Concorreram Walter Jobim e Décio Martins, verificando-se a vitória do primeiro.
Passando o governo, o Dr. Cylon Rosa retorna à presidência da Caixa Econômica Federal.
No ano de 1952, o Presidente Getúlio Vargas o convida para assumir a diretoria da Carteira de Crédito Geral do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Em 1961, retorna à direção da Caixa Econômica Federal, no Rio Grande do Sul.
CURRÍCULO:
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares:
O Dr. Cylon Rosa desempenhou atividades profissionais na Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Depois, prestou concurso para o Arquivo Público, sendo nomeado para a Seção de História e Geografia do Departamento da Administração Pública Estadual. Mais tarde foi funcionário do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.
O Dr. Cylon Rosa, foi membro das seguintes instituições:
– Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul e da Ordem dos Advogados do Brasil.
– Integrou o Conselho da Liga da Defesa Nacional e da Cruz Vermelha Brasileira, entidade pela qual foi condecorado.
– Foi sócio honorário da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul.
– Recebeu o título de benemérito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o título de irmão benemérito da Santa Casa de Misericórdia.
– Foi diretor-presidente da Companhia de Cimento Portland Gaúcho e da Companhia de Papel e Papelão Pedras Brancas – Grupo Votorantim.
– Foi diretor da Incobrasa.
– Foi um dos fundadores do Grupo Fin-Hab.
EM MONTENEGRO
– Em Montenegro, desempenhou atividades agropecuárias, na Granja Santo Antonio.
– Colaborou nos jornais "O Progresso" e "A Sentinela" – órgão do Clube Literário de Montenegro, do qual foi um dos fundadores.
– Também escreveu para o "Correio do Sul" , de Bagé; "Correio da Manhã", "O Globo", jornal "Noite" e a revista "Previdência e Economia", do Rio de Janeiro; "Correio Oficial", jornal "O Popular", de Goiás; "Diário de Notíciais", "Correio do Povo" e "Jornal do Estado", todos de Porto Alegre.
HOMENAGEM
Em Santa Maria, a Escola Estadual de 2º Grau Cylon Rosa presta-lhe uma eterna homenagem, formando jovens para um Rio Grande do Sul e um Brasil melhores.
PALAVRAS
Em entrevista à revista "Globo", disse certa feita: "Acho que fiz pelo Rio Grande tudo o que as minhas naturais deficiências permitiram".
E completou, dizendo:
"Ainda jovem, presidi as eleições de governador e deputado em 1946 com a mais absoluta isenção, não obstante participar da direção do meu partido. Acho que assim agindo, pratiquei a democracia no seu mais amplo e nobre sentido, e prestigiei a minha própria agremiação, assegurando a mais completa liberdade para o exercício do pleito".
FALECIMENTO
No dia 20 de junho de 1987, Montenegro e o Rio Grande perdiam a figura exemplar do Dr. Cylon Rosa. Mas seus exemplos de retidão de caráter, de alto espírito público e patriótico, ficarão no coração dos gaúchos, e, em especial, dos montenegrinos.
HOMENAGEM
O Dr. Cylon Rosa foi extraordinária figura humana. A vida de advogado e político marcou sua ação, sobressaindo-se como um dos vultos mais expressivos do Rio Grande do Sul.
Queremos enfatizar, ainda, que essa homenagem especial é do povo gaúcho, dos montenegrinos, dos seus amigos. E, nessa hora, lembro-me, com muita emoção, da pessoa de Octávio José Martins de Azeredo, meu avô, o vô Cujuta, como era conhecido, íntimo amigo do homenageado, ocorrendo o mesmo com seus descendentes, que mantêm esse elo até os dias de hoje.
MENSAGEM
Encerrando nossa singela homenagem, queremos recordar a mensagem que ele nos deixou:
"Durante toda a minha vida, desde o nascimento até os dias que correm, e os que virão, estive e estarei ligado a Montenegro. É uma indissolúvel vinculação afetiva e espiritual profunda à terra natal. Participando sempre de seus anseios, vivendo e sofrendo seus momentos de alegria e de dor. É o mágico apego telúrico ao berço natal".
Estrato resumido da mensagem do deputado Paulo Azeredo ao conterrâneo Cylon Rosa
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