Estudiosos afirmam que os distúrbios psicológicos de Jacobina passaram a ser utilizados por João Jorge Maurer como meio de iludir as pessoas que foram levadas a vê-la como uma adivinha, profetisa ou intérprete das mensagens divinas. As crises epilépticas da esposa (ou seriam apenas encenações?) serviam como um atrativo a mais para atrair clientes à casa do “doutor”.
No Brasil do século passado, ainda mais quando se trata do meio interiorano, a instrução do povo era bastante baixa. Pode se considerar até que na colônia alemã havia uma preocupação com a educação bem superior à média mas, mesmo assim, a instrução dos colonos naquela época era bastante deficiente. Por isto, não faltaram pessoas dispostas a acreditar que Jacobina fosse uma espécie de mensageira da palavra de Deus. O sucesso do casal Maurer foi tanto que o movimento das visitas à sua casa tornou-se intenso.
Começou a surgir, assim, uma seita religiosa. Entre os moradores das colônias próximas ao Ferrabraz, alguns tornaram-se adeptos das pregações de Jacobina, enquanto outros não se interessaram por elas. E houve, também, os que tratavam com desdém o casal Maurer e seus adeptos. Chamavam-nos de mucker, o que quer dizer santarrões. Estes detratores acusaram Jacobina e seus adeptos de praticarem atos imorais e subversivos.
No início de 1873, moradores da vizinhança dirigiram uma correspondência ao delegado de São Leopoldo, Lúcio Schreiner, fazendo sérias acusações contra Maurer, Jacobina e seus adeptos. O delegado transmitiu a denúncia ao Chefe da Polícia da Província, em Porto Alegre. Este, preocupado com as denúncias, dirigiu-se até São Leopoldo e determinou que uma força policial fosse até o Ferrabraz e de lá trouxesse, presos, Maurer e a esposa. Mandou, também, que fosse apreendidas todas as armas e munições que fosse encontrada em poder dos denunciados.
João Jorge Maurer e seis dos seus seguidores foram imediatamente conduzidos até São Leopoldo, enquanto que Jacobina teve de ser levada apenas no dia seguinte, de carruagem, porque encontrava-se num dos seus estados de desfalecimento. Expostos à curiosidade pública, os mucker sofreram graves humilhações. As alegadas armas que constavam da denúncia não foram encontradas entre os adeptos de Jacobina e as autoridades acabaram por libertar os acusados por considerar que as denúncias eram improcedentes. Depois de quase um mês presos, Maurer e Jacobina voltaram para sua casa e continuaram com suas atividades.
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