quinta-feira, 13 de agosto de 2009

123 - A emancipação de Bom Princípio

No início da década de 1980 foi aberta pela Assembléia Legislativa, a possibilidade de serem criados novos municípios no estado. As exigências previstas na lei, no entanto, eram muito elevadas, de modo que dificilmente algum novo município poderia ser criado dentro daquelas normas. Mas, como os deputados estaduais se mostravam muito favoráveis à criação de novos municípios, foi percebida a possibilidade da Assembléia ser tolerante no exame quanto ao cumprimento de tais exigências. Com isto muitas propostas de emancipação foram surgindo, chegando a quase uma centena em todo o Rio Grande do Sul.
Por esta época o asfaltamento da rodovia RS-122, ocorrido há mais de dez anos, já havia dado um novo impulso ao desenvolvimento de Bom Princípio. Surgiram novas indústrias, como a fábrica de bicicletas Odomo e empresas tradicionais, como a Cerâmica Vogel e a Backes ganharam novo impulso. Com isto a idéia de emancipação, que pareceu impensável quando da desanexação de Montenegro em 1953, em 1981 foi encarada como uma possibilidade real.
Entre os projetos de emancipação surgidos na época, dois eram localizados no Vale do Caí. O de Barão e o de Bom Princípio. Barão pretendia se emancipar de Salvador do Sul e o principal líder do movimento era o ex-prefeito deste município, Valério Caliari. Na tentativa de chegar o mais próximo possível das exigências previstas na lei de emancipações (população de 10 mil habitantes e arrecadação mínima de 5 milésimos do total arrecadado no estado, entre outras), Caliari incluiu o distrito caiense de São Vendelino na área do projetado município de Barão. O que veio a causar uma séria dificuldade para a emancipação de Bom Princípio. São Vendelino deveria ser incluído no projeto de Bom Princípio, mas Caliari se antecipou e, quando o projeto de Bom Princípio foi elaborado, já não foi mais possível incluir São Vendelino.
A solução foi, então, aumentar as dimensões de Bom Princípio com a inclusão de Tupandi e avançar as divisas do projetado município até bem perto da sede municipal de São Sebastião do Caí. A população de Bom Princípio e a de Tupandi eram bem conhecidas, pois foram levantadas no recenseamento de 1980. E elas, somadas, ficavam muito abaixo dos 10 mil habitantes exigidos pela lei. Para superar este problema, o projeto emancipacionista de Bom Princípio incluiu localidades que faziam parte então do Primeiro Distrito (a Sede) de São Sebastião do Caí: Bela Vista, Paraíso e Vigia, chegando a atingir até uma parte do bairro caiense do Rio Branco.
No dia 9 de maio de 1981 foi feita uma reunião no porão da Sociedade Santa Cecília que reuniu as principais lideranças do município, unindo líderes dos diferentes partidos que esqueceram suas diferenças em favor do objetivo maior.

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