Quando esta criança morreu, os parentes que a acolheram em sua casa, e que também eram mucker, não queriam enterrá-la no cemitério local, que era da igreja evangélica. Já o pastor não desejava enterrá-la fora do cemitério. Por fim, Hunsche convenceu-os a fazer o enterro no cemitério. Mas os parentes, por isto, não compareceram no enterro. Eles continuavam fiéis aos ensinamentos de Jacobina, mesmo depois dela haver sido morta na campanha de extermínio que foi movida contra a seita.
O pastor Johan Caspar Schmierer, que atuava na paróquia evangélica de Sapiranga, escreveu sobre os mucker que “pertenciam ao grupo as famílias mais respeitáveis, mas religiosas e mais abastadas. Portanto não é verdade o que se tem afirmado que seria um bando de criminosos ou um movimento de comunistas. Foi um movimento religioso. Este grupo esforçou-se por um cristianismo sem ostentação e tornou-se assim a consciência ambulante para os fariseus justiceiros de Leonerhof (Sapiranga) e das redondezas.”
É difícil, para quem vive no clima de tolerância da nossa sociedade moderna, entender o conflito entre religiões que ocorria naquela época. Para se ter uma idéia, basta lembrar que ainda no início do século passado era comum que os pais proibissem os filhos de casar com pessoa de outra religião. São conhecidas histórias como a de uma boa família católica caiense na qual a filha, impedida de casar-se com um rapaz por ser ele evangélico, acabou por cometer suicídio. Isto por volta de 1930.
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