Na época em que os Brochier chegaram à região, o único núcleo populacional já estruturado existente no Vale do Caí - com igreja e uma pequena povoação em torno, dotada de precário comércio e escola - era o de Capela de Santana. Mas as terras próximas ao rio Caí já estavam todas tomadas por fazendas, inclusive no local onde hoje se situa Montenegro. E mesmo algumas áreas um pouco mais distantes do rio Caí, como Costa da Serra, as terras já haviam sido distribuídos e ocupadas. Por isto, os irmãos Brochier tiveram de se aventurar mais para o interior, adquirindo - de segunda mão (não diretamente do governo) - terras que ainda estavam desabitadas naquela época, situadas ao norte de Costa da Serra. Este era um local por onde os índios ainda costumavam incursionar.
Os índios eram nômades, viviam percorrendo os extensos territórios desabitados, caçando e colhendo frutos da mata. E eles tinham até um acampamento na região de Serra Velha, junto ao Arroio Santa Cruz ou de um dos seus afluentes. Ali, de tempos em tempos, a tribo se instalava, até esgotar a caça e as frutas existentes nas matas mais próximas. Então eles mudavam-se para outro ponto e só retornavam tempo depois, quando de novo o local pudesse lhes fornecer alimento abundante. Eram índios da tribo dos patos, pertencentes à grande nação tupi-guarani. Eles eram habituados a conviver com os portugueses de muito tempo, mas esta convivência não era sempre pacífica. No Vale do Caí já haviam se verificado confrontos entre os primeiros colonizadores lusos que haviam se instalado com fazendas na região do atual município de Montenegro. Os índios costumavam atacar as propriedades dos colonos, causando danos e promovendo pilhagens, o que levou os colonos a se organizarem numa tropa que perseguiu os índios expulsando-os das redondezas. Isto aconteceu em 1817, antes da chegada dos irmãos Brochier, e a expedição de luso-brasileiros foi comandada por Custódio Machado. Depois disto os índios deixaram de percorrer as propriedades dos lusos, situadas por perto do rio Caí. Mas eles ainda continuavam excursionando pelos terrenos mais afastados do rio, como é o caso do atual município de Brochier.
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