terça-feira, 18 de agosto de 2009

179 - Madeira: a primeira grande riqueza

Os primeiros colonizadores de Brochier foram os irmãos João Honoré e Augusto Brochier. Eles chegaram ao local por volta de 1832, vindos da França, numa época em que o Vale do Caí ainda era muito pouco povoado. Haviam fazendas de gado para os lados de Capela de Santana e Montenegro e mais alguns poucos moradores estabelecidos nas margens do rio Caí, rio acima, até os atual município de Bom Princípio. Capela de Santana era a vila mais próxima e contava já com uma igreja que servia como sede paroquial para toda a região dos vales do Caí e Sinos.
Também a Costa da Serra, perto de Montenegro, já era ocupada por estâncias de criadores de gado. Ao norte desta localidade, as terras continuavam desocupadas pelo homem branco. Ali a selva ainda era fechada e metia medo pela presença de animais ferozes como a onça. De presença humana, somente a dos índios que, na sua vida nômade, passavam de quando em quando por ali, coletando frutos da mata, caçando e pescando. E foi nesta região que os dois irmãos franceses tiveram a ousadia de se fixar. Compraram uma extensa área de terras e se ficharam no exato local onde hoje se encontra a cidade de Brochier. O que os atraiu foi a fartura de madeira, especialmente a dos pinheiros (araucárias), que eles cortavam e levavam para Porto Alegre, onde era vendida a bom preço. A capital gaúcha crescia bastante nesta época e precisava de boa madeira para as construções. E os Brochier ajudavam a suprir esta necessidade derrubando os pinheiros centenários, cortando a madeira e a levando em balsas pelos arroios Brochier e Maratá até o rio Caí. O arroio Brochier (que foi conhecido inicialmente como arroio dos Franceses) era muito raso, assim como o Maratá, e o transporte da madeira só podia ser feito através deles depois de chuvas que aumentavam o volume das suas águas. O arroio Maratá desemboca no rio Caí nas proximidades da atual cidade de Pareci Novo. Dali a madeira seguia até Porto Alegre sem maior dificuldade, devido ao bom volume de água deste rio durante o ano inteiro.
Para sobreviver no meio desta região selvagem, João Honoré e Augusto trataram de manter uma boa convivência com os índios, praticando um comércio de trocas com eles. Os Brochier tiveram sucesso nesta política, apesar de alguns eventuais desentendimentos. No pior deles, ocorrido em 6 de janeiro de 1847, os índios assaltaram a casa de Augusto Brochier, mataram um escravo e seqüestraram uma escrava chamada Maria Rita, levando-a consigo juntamente com dois filhos pequenos.
Segundo foi apurado pelo pesquisador Germano Henke, Augusto Brochier casou com Maria Saticq, também francesa. Ela era 26 anos mais moça do que Augusto e sobreviveu a ele, morrendo 37 anos depois, na vila de Brochier.

Nenhum comentário:

Postar um comentário