A colônia de Bom Princípio foi implantada próxima às margens do rio Caí, no ponto em que o arroio Forromeco desemboca neste rio. Perto dali, um pouco mais ao norte, na margem direita do Forromeco, estabeleceu-se um outro pioneiro, este de origem portuguesa, chamado Matias Rodrigues da Fonseca. Convém observar que a margem direita de um rio ou arroio é aquela que fica à direita do ponto de vista de quem navega por ele no sentido das suas nascentes para a foz. Segundo contam os seus descendentes, que ainda residem em Bom Princípio, Matias era agrimensor e prestou serviços para o governo, sendo por isto recompensado com a posse de uma grande área de terras ainda cobertas de matas virgens. Recém casado, ele foi morar com a esposa naquela região ainda despovoada e coberta pela floresta.
Matias era casado com uma moça chamada Maria Correa da Silva que mostrou-se muito corajosa. Ela ficava muitas vezes sozinha em casa, quando o marido saía, correndo o risco de ser atacada pelos índios que povoavam ainda as selvas da região e que não aceitavam a presença do branco adonando-se do território em que antes eles podiam circular livremente, caçando e colhendo os frutos nas matas. E ela tinha de ficar sozinha por longos períodos. Matias costumava levar para a cidade de São Leopoldo os produtos da sua roça e, para isto, naquela época, tinha de fazer uma longa viagem. Ele usava um grande bote rústico, construído por ele mesmo para levar suas mercadorias. Com esta embarcação, chamada na época de lanchão, descia o arroio Forromeco até o rio Caí e depois seguia por este rio até o delta do Guaíba, onde passava para o rio dos Sinos, navegando rio acima até chegar a São Leopoldo. Nesta cidade Matias vendia tanto a mercadoria produzida por ele na sua roça como o próprio bote usado na viagem. E depois voltava para casa a pé, através dos campos e das picadas que já haviam sido abertas no meio da mata. Mais tarde, quando a região foi povoada por colonos alemães, Matias Rodrigues da Fonseca aprendeu a falar o alemão e integrou-se à colônia, onde era muito respeitado.
Os índios sabiam das viagens do de Matias, pois estavam sempre espreitando, da mata, o que acontecia na casa do colono. Por isto sua esposa tinha de ficar também atenta e, quando percebia a iminência de um ataque, ela disparava a espingarda para assustar os selvagens. Graças à coragem desta desbravadora e ao temor que os índios tinham com relação às armas de fogo, a casa nunca foi atacada.
Mas o perigo de ataques por parte dos selvagens era real e este problema constituiu-se num dos principais obstáculos ao desenvolvimento desta região que, na época, era totalmente coberta pela mata nativa.
Muitos foram os casos de colonizadores que sofreram ataque por parte dos índios.
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