Pela manhã, os selvagens voltaram e, não o encontrando no local onde o haviam deixado, conseguiram localizá-lo pelo rastro de sangue, que seguiram até encontrá-lo novamente. O padre ainda estava vivo. Ergueram-no, continuaram com o martírio e, ao mesmo tempo, escarneceram do Deus branco que não o protegeu. O padre respondeu-lhes com mansidão, dizendo que viera par fazê-los filhos do verdadeiro Deus e Deus permitira que ele fosse assim tratado para sua própria glória e para a salvação deles. Os selvagens mandaram que ele se calasse, mas o padre Cristóvão continuava fazendo a sua pregação. Deram-lhe novos golpes que fizeram o sangue jorrar das feridas já abertas. Com um deles, arrancaram-lhe os dentes, que foram recolhidos depois por um rapaz e levados até os padres da redução Jesus-Maria.
Mesmo assim, o padre continuava a pregar. Os índios decidiram, então, levá-lo para o mato e fizeram isto atravessando o seu corpo com um pau comprido, para melhor carregá-lo. No mato, colocaram-no dentro de uma choça de palha. Enquanto isto, o padre ainda lhes dizia que não se importava com o que eles estavam fazendo com o seu corpo, pois à sua alma, que mais importava, nenhum mal poderiam fazer e logo ele subiria ao Céu para gozar da paz do Senhor.
Furiosos com o que o padre lhes dizia, os selvagens cortaram-lhe o nariz, a outra orelha e os lábios. E, como ainda assim ele continuava sua pregação, arrancaram-lhe a língua e cortaram-lhe o peito e o ventre. O padre, agonizando, olhava para o Céu. Os selvagens acabaram arrancando-lhe as entranhas e o coração, que cravaram de flechas para certificar-se de que o padre morreria mesmo.”
O padre Cristóvão Mendoza morreu aos 46 anos. E o relato do seu martírio é baseado nos escritos deixados pelo padre Diogo de Boroa, jesuíta que era o superior do padre martirizado, na época dos acontecimentos.
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