segunda-feira, 17 de agosto de 2009

150 - O armador João Ignácio Teixeira

Numa época em que não existiam ainda nem aviões, nem caminhões e nem mesmo trens, era fundamental a importância da navegação. Era por navios que se fazia o transporte entre os continentes e mesmo entre os diversos pontos de um país. Foi pela importância da navegação que o desenvolvimento e a povoação do Brasil se deu inicialmente na região litorânea. E também no Rio Grande do Sul, a maioria das primeiras povoações foram estabelecidas em locais acessíveis por embarcação. Foi o caso de Rio Grande, Pelotas, Porto Alegre, Triunfo e Rio Pardo.
No início do século XIX, os barcos mais usados eram os a vela. Impulsionados pela força dos ventos eles atravessavam oceanos, faziam a navegação costeira e penetravam no continente através de rios, como o São Francisco ou o nosso Jacuí. Os donos de navios eram grandes empresários daquela época.
E assim eram os irmãos João Ignácio e José Ignácio Teixeira. Naturais de Santa Catarina, eles se estabeleceram em Porto Alegre e possuíam uma frota de navios que, segundo consta, era utilizada inclusive para o tráfico de negros escravos. Uma “mercadoria” muito comercializada na época. Os irmãos João e José foram sócios nas atividades de navegação e comércio por 30 anos, até 1824, quando morreu João, o principal cabeça dos negócios.
João Ignácio Teixeira morava na Rua da Praia. Ele possuía uma chácara no Caminho Novo (atual Rua Voluntários da Pátria) e um importante armazém no Centro de Porto Alegre. Foi homem de grande destaque na época. A ponto de a atual Rua General Câmara ser conhecida naquele tempo como Beco do João Ignácio. Ele era um líder dos comerciantes portoalegrenses, tendo sido o encarregado de, em 1818, defender os interesses do comércio local junto ao rei Dom João VI.
Ao morrer, em 1829, João Ignácio deixou muitos bens, inclusive 117 escravos adultos e 25 menores. Por aí se vê que ele era um homem riquíssimo. Entre os muitos bens que ele deixou em Porto Alegre e no interior do estado, figurava a Fazenda do Pareci.
Antes de serem adquiridas pelo rico comerciante João Ignácio e por seu irmão e sócio José Ignácio, as terras do Pareci pertenceram a Antônio José Viegas e João Ferreira da Silva que ali se dedicavam à criação de gado já em 1767. Depois disto as terras passaram para outros proprietários até serem adquiridas por João e José Ignácio em 1801.
João Ignácio Teixeira permaneceu solteiro até a sua morte. Mas reconheceu como sendo seu filho natural o menino José Ignácio Teixeira, que foi batizado em 17 de novembro de 1807 recebendo o mesmo nome do seu tio, que também foi seu padrinho. Mais tarde, para diferenciar, o menino passou a ser chamado José Ignácio Teixeira Júnior. Não se sabe até hoje quem foi a mãe de José Ignácio Júnior. Mas um quadro da época revela que ele era loiro e contavam-se histórias segundo as quais ele teria sido fruto do relacionamento amoroso entre o rico comerciante João Ignácio e a mulher de um capitão de navio estrangeiro.

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