terça-feira, 18 de agosto de 2009

177 - O arroio foi o caminho

A ocupação do Vale do Caí pelo homem branco, começou na década de 1740, época em que os primeiros colonizadores lusos fixaram moradia na região de Capela de Santana. Nas décadas seguintes foram sendo ocupadas novas áreas nas imediações de Montenegro, inclusive em Costa da Serra. Todas estas eram áreas em que predominavam os campos, próprias portanto para a criação de gado. No restante do Vale do Caí, as terras eram cobertas por densas matas, difíceis de ser transpostas em virtude da absoluta falta de estradas. Esta era a situação do atual município de Maratá. Razão pela qual a sua colonização só veio ocorrer muito mais tarde, por volta do ano de 1855.
Muito perto de Maratá, porém, ocorreu a colonização de Brochier. Um fato excepcional, pois os irmãos João Honoré e Augusto Brochier foram se instalar no local onde hoje se encontra a cidade de Brochier já em 1836, quando toda a região que hoje compreende os municípios de Brochier, Maratá, São José do Sul Salvador do Sul e grandes áreas de terras situadas ao norte e a oeste destes municípios eram quase totalmente selvagens. Eram áreas de mata densa e, em terrenos assim, o homem branco não se estabelecia devido, principalmente, à dificuldade de meios de transporte. Só os índios nômades perambulavam por estas áreas. O Rio Grande do Sul começou a ser povoado pelas regiões de campos, nas quais não era difícil transitar montado a cavalo ou mula.
Por cerca de 20 anos os irmãos Brochier foram os únicos moradores brancos da região próxima a Maratá. E a sua permanência no local só se tornou possível porque eles encontraram ali uma grande riqueza: a valiosa madeira de pinho. E contavam também com um meio de transportá-la até Porto Alegre com relativa facilidade: através do arroio Maratá e, mais adiante, pelo rio Caí.
Pela falta de estradas, os primeiros povoadores das regiões de florestas se estabeleceram junto à margem dos rios e arroios (como ainda ocorre hoje na maior parte da Amazônia) e as primeiras localidades a prosperarem na região de matas do Vale do Caí foram também aquelas situadas junto às vias navegáveis. Foi assim em São José do Hortêncio, Pareci, Feliz, Bom Princípio, Montenegro e Caí.
E o mesmo aconteceu com Maratá. A disponibilidade do arroio, com razoáveis condições de navegabilidade, fizeram esta localidade ter um forte desenvolvimento já nas décadas de 1860 e 1870. Através dele, os colonos ali estabelecidos tinham como exportar a sua produção e assim se desenvolveram a agricultura local e até mesmo algumas pequenas indústrias, como um curtume e uma fábrica de cerveja. Mas, para compreender como isto aconteceu, é preciso voltar a uma época anterior.

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