terça-feira, 18 de agosto de 2009

173 - O fim da navegação

Na primeira metade do século XX, o rio era dragado, como mostra esta foto. Mas isso deixou de ser feito depois da década de 1940, com a acensão do transporte rodoviário
Naquela época funcionava a barragem Rio Branco, situada um pouco abaixo do Pareci. Com isto a navegação até o Caí e Matiel era facilitada nas épocas de seca, pois o nível do rio permanecia elevado mesmo nestas épocas em que o baixo nível das águas impediria a navegação. Dois homens operavam, manualmente, os mecanismos das comportas que permitiam a passagem dos barcos pela barragem. Cada um dos homens ficava em um lado do canal pelo qual passavam os barcos.
Por volta de 1940, Carlos Fuchs mandou fazer um barco novo, num estaleiro do bairro Navegantes, em Porto Alegre. Ele se chamava Boêmia, era de aço e tinha dois andares. Mas o barco não pôde ser utilizado por muito tempo, pois a barragem estragou, não recebeu manutenção, e o uso do Boêmia se tornou inviável. Carlos teve de vendê-lo e continuou seu negócio usando um barco menor (de menor calado). Dona Herta não tem lembrança de haver visto ou ouvido falar de dragagem no rio Caí. Sem a barragem e sem dragagem no rio, a navegação foi se inviabilizando aos poucos. Mesmo assim, até a década de 60 do século passado ainda transitavam gasolinas pelo Caí. Talvez não nos tempos de maior seca.
Herta acompanhava Arno Fuchs nas viagens a Porto Alegre e, muitas vezes, assumia o leme da embarcação enquanto o marido se ocupava de abastecer o motor com gasolina e óleo ou cumprir alguma outra tarefa no barco. Os filhos mais velhos do casal (Carlos, Adalberto, Ernesto e Paulo) também os acompanhavam nas viagens.
O declínio da navegação no curso superior do rio Caí (acima do porto de Montenegro) aconteceu com a melhoria das estradas e dos caminhões. Não era mais vantajoso para o citricultor levar a sua produção em carroça até o barco e nem para o comerciante de Porto Alegre ir buscar de carroça no atracadouro dos barcos no Guaíba. O comerciante de frutas, usando um caminhão, passou a buscar a fruta na propriedade do agricultor e a levá-la diretamente aos estabelecimentos comerciais em Porto Alegre e outras cidades da região metropolitana.
A falta de manutenção na barragem e, também, a não realização de dragagem no rio serviu para acelerar o processo. Mas o que realmente acabou com a navegação foi a construção da estrada asfaltada RS-122 até o Caí (já na década de 50) e, mais tarde, a RS-240 até Montenegro. O surgimento destas estradas, juntamente com a melhoria da qualidade e capacidade dos caminhões tornou obsoleta a navegação em gasolinas no curso superior do rio Caí (acima de Montenegro).

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