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| Na primeira metade do século XX, o rio era dragado, como mostra esta foto. Mas isso deixou de ser feito depois da década de 1940, com a acensão do transporte rodoviário |
Por volta de 1940, Carlos Fuchs mandou fazer um barco novo, num estaleiro do bairro Navegantes, em Porto Alegre. Ele se chamava Boêmia, era de aço e tinha dois andares. Mas o barco não pôde ser utilizado por muito tempo, pois a barragem estragou, não recebeu manutenção, e o uso do Boêmia se tornou inviável. Carlos teve de vendê-lo e continuou seu negócio usando um barco menor (de menor calado). Dona Herta não tem lembrança de haver visto ou ouvido falar de dragagem no rio Caí. Sem a barragem e sem dragagem no rio, a navegação foi se inviabilizando aos poucos. Mesmo assim, até a década de 60 do século passado ainda transitavam gasolinas pelo Caí. Talvez não nos tempos de maior seca.
Herta acompanhava Arno Fuchs nas viagens a Porto Alegre e, muitas vezes, assumia o leme da embarcação enquanto o marido se ocupava de abastecer o motor com gasolina e óleo ou cumprir alguma outra tarefa no barco. Os filhos mais velhos do casal (Carlos, Adalberto, Ernesto e Paulo) também os acompanhavam nas viagens.
O declínio da navegação no curso superior do rio Caí (acima do porto de Montenegro) aconteceu com a melhoria das estradas e dos caminhões. Não era mais vantajoso para o citricultor levar a sua produção em carroça até o barco e nem para o comerciante de Porto Alegre ir buscar de carroça no atracadouro dos barcos no Guaíba. O comerciante de frutas, usando um caminhão, passou a buscar a fruta na propriedade do agricultor e a levá-la diretamente aos estabelecimentos comerciais em Porto Alegre e outras cidades da região metropolitana.
A falta de manutenção na barragem e, também, a não realização de dragagem no rio serviu para acelerar o processo. Mas o que realmente acabou com a navegação foi a construção da estrada asfaltada RS-122 até o Caí (já na década de 50) e, mais tarde, a RS-240 até Montenegro. O surgimento destas estradas, juntamente com a melhoria da qualidade e capacidade dos caminhões tornou obsoleta a navegação em gasolinas no curso superior do rio Caí (acima de Montenegro).

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