sexta-feira, 21 de agosto de 2009

235 - Terras vendidas aos colonos

No ano de 1867, poucos anos após o falecimento de Juca Ignácio, foram vendidos, por exemplo, lotes de terra, em Harmonia, para os colonos João Platsa, Jacob Jung, João Nonemarcaer, Pedro Sauermann, João Knak, João Faolgel, Felipe Heck, Pedro Sauster. Também nas cabeceiras do arroio Salvador (em Salvador do Sul, Tupandi) foram vendidos lotes para Nicolau Rothen, Pedro Rothen, Antônio Ams, Mathias Simon, Pedro Fink e Mathias Hartmann. Nas margens do rio Caí, Nicolau Lectuer e Pedro Weber. No Arroio dos Franceses, Pedro Schmits, Jacob Stephan e Felipe Moechaisser. A dificuldade que os escrivãos dos cartórios, de origem lusa, encontravam para entender os nomes germânicos faz com que a grafia nos documentos antigos seja confusa. Pode se deduzir que nomes como Nonemacaer e Faolgel sejam de ancestrais dos atuais Nonemacher e Vogel (que, em alemão, pronuncia-se fogel).
O historiador Leandro Telles, em cujos estudos nos baseamos para formular este resumo histórico, salienta que os colonos estabelecidos nas terras da fazenda Pareci eram todos católicos. Será que Juca Ignácio, católico fervoroso, tinha preconceito contra pessoas de outra religião? Isto pode ter influenciado na decisão tomada pelos padres jesuítas de transferir o Seminário Menor que haviam fundado no Caí, em 1891. A mudança ocorreu em 1895 e seis anos depois já havia sido erguido ali um dos grandes prédios que hoje ainda se encontram no centro de Pareci Novo. A mudança ocorreu por iniciativa do padre Teodoro Amstad. No ambiente exclusivamente católico do Pareci, o seminário cresceu rapidamente, sendo logo construidos vários prédios. E muitos sacerdotes ali se formaram. Mesmo assim, em 1913, o seminário foi transferido para São Leopoldo (lá dando origem, mais tarde, à UNISINOS).
Segundo relata o padre Amstad em um de seus escritos, o seminário foi erguido no mesmo local onde, outrora, estava situada a casa ou a senzala (alojamento dos escravos) da fazenda de Juca Ignácio: “na mesma casa em que outrora os padres diziam a missa, algumas vezes por ano, para os pobres escravos de Juca Inácio, lá, onde miseráveis criaturas às centenas gemiam sob o jugo da escravatura, agora se acha o lugar sagrado, em que filhos de todas as nações - brasileiros, alemães, italianos -fazem a sua primeira preparação para a carreira apostólica.”

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