terça-feira, 18 de agosto de 2009

182 - Um grande brasileiro

Singularmente, para este homem que foi um dos precursores do ambientalismo, ele gostava de caçar. Num dia das suas férias em Tupandi, conforme ele mesmo registrou no seu diário, matou um mico, um bugio, três coatis, 13 jararacas, pombas etc. E ainda um gato do vizinho que o incomodava à noite.
Balduíno procurou aproveitar bem as suas últimas férias, pois ao tornar-se noviço da Companhia de Jesus, teria de ficar 15 anos separado da sua família e amigos. Balduíno sempre escreveu para os pais e o fazia em alemão, única língua que eles dominavam. Durante a Segunda Guerra, quando foi proibido o uso da língua alemã, ele escreveu em português. O que lhe causou revolta, pois seus pais precisavam de um tradutor para ler as cartas.
Concluídos os seus estudos no Pareci, o noviço foi destinado a Florianópolis, onde tornou-se professor de Aritmética, Francês e Desenho no Ginásio Catarinense. Depois de lecionar em Santa Catarina nos anos de 1927 e 28, Balduíno Rambo partiu para a Alemanha, para lá continuar os seus estudos. De 1928 a 31, ele estudou em Pullach, localidade próxima a Munique, no Colégio São João Berchmans, especializado em Filosofia e Teologia. Por isto, talvez, suas notas naquele colégio não foram boas como as que obtinha sempre nos colégios brasileiros. Aparentemente, ele estudava Filosofia e Teologia apenas o suficiente para ser aprovado, enquanto entregava-se com maior afinco a estudos paralelos de ciências. Na Alemanha, Balduíno aprofundou seus estudos sobre Ciências Naturais que permitiram a ele tornar-se, quando retornou ao Rio Grande do Sul, o maior cientista desta área no estado.
Retornando ao Brasil, tornou-se professor no Colégio Anchieta, de Porto Alegre. Entre os anos de 1934 a 37 foi mandado para estudar Teologia no Seminário de São Leopoldo. O que o deixou bastante frustrado, pois ele preferia fazer estes estudos na Alemanha, onde poderia ampliar sua formação científica. Balduíno pediu aos superiores para continuar seus estudos na Alemanha, alegando que aqui não haviam museus, laboratórios, companheiros dedicados aos mesmos estudos para trocar idéias. Faltava, em fim, um clima científico. Em carta ao Superior Supremo dos Jesuítas, em Roma, chegou a argumentar que nos três anos que estudou na Alemanha aprendeu “o idioma alemão, minha língua materna, melhor que o lusitano, e de coração eu sou teuto e não brasileiro.” Mas seu pedido não foi atendido e o mundo, provavelmente, perdeu com isto um grande cientista. Mas, mesmo frustrado, Balduíno soube contribuir para a comunidade rio-grandense e fazer com que os 30 anos que ainda teve de vida entre nós fossem de grande utilidade para o progresso do estado. E ele foi um grande brasileiro.

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