Foto: arquivos Felipe Kuhn Braun
Os caixeiros viajantes percorriam o interior, levando seu mostruário e tirando pedidos nos estabelecimentos comerciais. Eram importantes clientes dos muitos hotéis que existiam nas cidadesEis como Max Oderich conclui a sua história do Till Tappes:
"São Sebastião do Caí servia de centro aos caixeiros viajantes que trabalhavam no interior do município. Um dia visitavam determinadas picadas. Ao entardecer, voltavam ao Caí. No dia seguinte, seguiam em outra direção, regressando à noite. Acontecia visitarem lugares mais distantes. Nestas ocasiões voltavam ao Caí depois de um ou dois dias. Concluído todo o circuito, o que podia levar de uma a duas semanas, saldavam as suas contas no hotel e partiam para outro município.
Um belo dia, nosso alemãozinho não voltou. Também não regressou no dia seguinte. Após oito dias, ainda não havia regressado, nem tão pouco tinha sido visto por outros viajantes. O nosso amigo hoteleiro começou a ficar preocupado. Passado mais algum tempo, sem notícias do hóspede, começou a comentar o caso, confidencialmente, com os viajantes de maior intimidade.Ao cabo de outra semana, chamava o alemão abertamente de caloteiro.
Foi quando apareceu no hotel um negociante estabelecido na vila trazendo consigo uma carta do tal alemão. Ela vinha com instruções para ser aberta e lida, em voz alta, na presença dos viajantes.
Começou dizendo ter sido muito bem tratado no hotel do senhor Martim, podendo recomendá-lo a todos de sã consciência. E esperava poder continuar a gozar das mesmas regalias e vantagens para o futuro. Eleito para vítima de um trote muito bem bolado, julgava-se no direito de pagar com a mesma moeda. No seu entender, alcançaria este objetivo não pagando a hospedagem, pois nutria a esperança de que, com o correr do tempo, o senhor Martim começaria a maldizer o alemão caloteiro. Imaginava ter alcançado o seu intento neste interim, razão por que incluía a importância x para o pagamento do seu débito."
Enfim, o alemão (que mais parecia um inglês, pois agiu como um verdadeiro gentleman) vingou-se do hoteleiro pregando-lhe a peça de deixá-lo desgostoso pela falsa idéia de que havia sido vítima de um calote.
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