domingo, 25 de outubro de 2009

537 - Construtor de um império

E assim começou a fábrica, ocupando apenas um espaço da modesta ferraria e tendo as esposas dos sócios como primeiras operarias. No primeiro dia foram produzidos dez pares de sapatos femininos e, depois de três semanas de trabalho, a produção já havia aumentado para 25 pares dia. Como fabricar sapato, naquela época, era coisa de alemão, foi dado à empresa o nome Berlitz, Lauck & Cia Ltda, deixando de lado o nome de Paula. As atividades da fábrica começaram em 1959. A então noiva de Nestor, chamada Diva, foi uma das primeiras funcionárias. Ela antes havia trabalhado nas fábricas de calçados Bibi( aos 14 anos, como operária) e depois no escritório da Lindar. Na empresa do noivo, ela cuidava do escritório e ainda trabalhava na produção, como costureira. Seu turno de trabalho começava às seis da manhã e terminava às seis da tarde e ainda levava serviço para casa. Quando nasceram os três filhos do casal, Daise, Daniel e Camila, ela passou a trabalhar com calçados em casa, para poder cuidar também das crianças e das tarefas domésticas. Ela fez isto por 15 anos, até 1973. A função de Nestor nos primeiros tempos da fábrica era fazer o serviço burocrático, especialmente junto aos bancos. Mas ele também trabalhava na produção, passando cola.
Com este início modesto, mas com dedicação, esforço e união do grupo, a empresa cresceu e chegou a ser o que é hoje: uma empresa de destaque mundial. Com o tempo, Nestor de Paula revelou-se o grande líder da Azaléia e os seus méritos foram reconhecidos de diversas maneiras. Em 1981, foi eleito Destaque Industrial pela Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo. Em 1984, a FIERGS lhe conferiu o título de Mérito Industrial do RS. Em 1987, foi apontado Industrial do Ano pela Francal, em São Paulo. Em 1998 foi agraciado como Comendador da Ordem do Mérito da Bahia e, no mesmo ano, ganhou o prêmio Líder Estadual conferido pela Gazeta Mercantil.
Infelizmente este homem que tanto teria a dar ainda para o desenvolvimento do país foi precocemente acometido por grave doença (seria câncer, segundo comentam funcionários da empresa). Ele chegou a fazer tratamento até nos Estados Unidos, mas não foi possível vencer a doença. Há três anos teve de começar a afastar-se do trabalho mais pesado e, ultimamente, ficava apenas na sua casa, em Novo Hamburgo. Reuniões de diretoria chegaram a ser realizadas na sua residência. Há pouco mais de um ano, foi contratado o ex-governador Antônio Britto para substituí-lo no comando geral da empresa.
Nestor morreu na madrugada do dia 23 de janeiro de 2004, no Hospital Regina, em Novo Hamburgo e foi velado no pavilhão da FENAC, onde recebeu homenagens de milhares de admiradores, inclusive de uma parte dos mais de dez mil funcionários da empresa. Ele tinha 66 anos.
No Caí e região, milhares de funcionários e ex-funcionários da Azaléia devem a ele a oportunidade de trabalhar e aprender com esta empresa exemplar.
Ele foi sucedido, no comando da empresa, pelo ex-governador Antônio Britto.

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