domingo, 15 de novembro de 2009

606 - Um jovem empreendedor

Curiosamente, São Vendelino (que teve o seu desenvolvimento retardado por tantas décadas em virtude da falta de uma estrada trafegável) havia se transformado num lugar privilegiado neste aspecto. Ali se entroncam rodovias que ligam toda a região serrana com Porto Alegre e o Vale do Sinos. Por isto, o atelier da família Baumgratz estava situado num local privilegiado para o seu ramo de negócios. E Jair soube aproveitar muito bem esta vantagem.
Mas, apesar da base já montada por sua mãe, o início do seu trabalho não foi nada fácil. Além de levar o trabalho para as costureiras, ele precisava buscar serviço nas fábricas de calçados. Passou a trabalhar para a Fasolo (no Caí) e a Star Sax (em Parobé), entre outras.
Nesta época, além de fazer o seu trabalho, Jair estudava à noite na FEEVALE, de Novo Hamburgo. Fazia o curso de Tecnólogo em Calçados, de nível universitário. Ele ia para a universidade de moto. O dinheiro que Jair e sua mãe ganhavam com o atelier ainda não dava para comprar um carro novo.
Estudar na FEEVALE foi muito útil para Jair, pois todos os seus colegas trabalhavam em fábricas de calçados ou vieram a trabalhar nelas depois de formados. Com isto, foi mais fácil para ele conquistar novas empresas como clientes para o seu negócio de atelier. Um dos colegas com o que Jair fez mais amizade foi o caiense Pedro Piovesan, que trabalhava na fábrica Azaléia do Caí. E esta relação serviu para que ele conquistasse a importante fábrica da Azaléia como sua cliente do atelier. Uma conquista que fez dobrar o volume de trabalho na empresa da família Baumgratz. Nesta época, Jair já era sócio da empresa, juntamente com sua mãe e o irmão Vanderlei.
Note-se mais uma vez a importância das estradas asfaltadas, sem as quais Jair jamais poderia desenvolver toda a sua atividade de buscar material nas fábricas no Vale do Sinos, levá-lo para as casas das costureiras na Serra e ainda ir até a faculdade em Novo Hamburgo à noite. Ele, muitas vezes, ia para a faculdade com o carro carregado com as peças que apanhava nas fábricas, porque aproveitava a mesma viagem. Entrava na sala de aula impregnado com o cheiro do couro. Outras vezes ele ia para a FEEVALE de moto. E, apesar de tanto esforço, os rendimentos do atelier não eram muito grandes. Em 1983, Jair, sua mãe e o irmão haviam tentado comprar um carro novo, um Gol, em prestações. Mas seu Adelmo, preocupado com a possibilidade de ser impossível pagar a dívida contraída com esta compra, obrigou-os a desfazer o negócio.
Em 1985 Jair e seu irmão Vanderlei abriram uma revenda de motos em Bom Princípio que chamou-se Javann. Um ano depois, Jair casou-se com Ester Maria Ledur e decidiu tocar sua firma sozinho. Vanderlei ficou como único proprietário da Javann, dona Maria Ophélia continuou com o seu atelier, dedicando-se à costura de luvas e Jair passou a ter a sua empresa individual, dedicando-se à costura de calçados.
Ainda em 1986, Jair contratou seu primeiro funcionário: Carlos Fritzen, que antes trabalhara na fábrica Reichert de Feliz. Logo a esposa de Jair, que trabalhava na agência Bradesco do Caí, largou o emprego e passou a ajudá-lo na firma.
A empresa progredia rapidamente e, entusiasmado, Jair trabalhava incansavelmente. O seu dia de trabalho começava às seis horas da manhã, quando batia na casa de Carlos e os dois começavam a preparar o material que precisava ser levado naquele dia para as casas das costureiras. Ele ainda não havia concluído o curso universitário e quase desistiu dele em virtude do tempo que precisava dedicar ao trabalho. Mas, como faltava pouco para a conclusão, persistiu até a formatura que ocorreu em 1988.

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