domingo, 15 de novembro de 2009

607 - Jair Baumgratz

César Baumgratz (foto) é irmão mais velho de Jair


Quando finalmente o asfalto chegou a São Vendelino, em 1973, um mundo de possibilidades começou a se abrir para a população local. Para muitos, foi a chance de obter emprego como operário em uma fábrica como a Grendene de Farroupilha, a Tramontina de Carlos Barbosa ou a Reichert, de Feliz. Para outros, com maior espírito de iniciativa, a oportunidade de desenvolver o seu próprio negócio. E este foi o caso do casal José Adelmo e Maria Ophélia Baumgratz. Eles eram proprietários de um pequeno armazém na localidade de Piedade, situada junto à rodovia RS-122. Dinâmico, seu Adelmo procurou novas possibilidades de negócios. E elas surgiram. Ele criou, em Novo Hamburgo, uma fábrica de pré-moldados de cimento, negócio que desenvolve até hoje. Continuou morando em Piedade, indo diariamente para o trabalho em Novo Hamburgo.
Enquanto isto, sua esposa cuidava do armazém e passou a desenvolver um outro negócio. Um atelier no qual executava trabalho de costura em couro para a firma alemã Otto Kessler, que havia se instalado no Caí e se dedicava à fabricação de luvas. Note-se que nem o trabalho de Adelmo nem o da esposa teriam sido possíveis sem a existência de uma boa estrada asfaltada ligando a sua casa ao Caí e a Novo Hamburgo.
Além de trabalhar ela mesma na costura, enquanto esperava a freguesia no seu armazém, Dona Maria Ophélia começou a empregar outras mulheres da localidade no mesmo trabalho. Com o crescimento do atelier, a sua função passou a ser mais administrativa. Ela ia buscar as peças de couro já cortadas e o restante na fábrica do Caí, entregava o serviço para as costureiras que tinha contratadas na Piedade e depois devolvia as luvas, já costuradas, para a fábrica. Como é característico no trabalho dos ateliers, as costureiras trabalham nas suas próprias casas, aproveitando as horas de folga das outras atividades (rurais ou domésticas). Para viabilizar o seu trabalho a fábrica coloca uma máquina de costura especial para o trabalho com couro na casa de cada uma das costureiras. Este negócio prosperou a ponto de dar emprego a mais de 30 costureiras que moravam em São Vendelino, Bom Princípio, Carlos Barbosa e Garibaldi. Maria Ophélia precisava, portanto, percorrer longos trajetos distribuindo serviço para as suas contratadas e, para poder administrar este trabalho, deixou o atendimento no armazém a cargo do seu filho mais novo. Os dois mais velhos estavam estudando fora.
O casal Baumgratz tem três filhos homens, César, Jair e Vanderlei, além da filha Mara. E, como é típico das famílias de origem alemã, tratou de incentivar todos eles ao estudo e ao trabalho. Desde novos, todos ajudavam no trabalho dos pais.
Para a história recente de São Vendelino, o filho do meio, Jair Baumgratz, tem uma importância fundamental e, por isto, vamos nos concentrar no relato da sua vida.
Jair estudou em seminários dos 12 aos 17 anos, em regime de internato. Nas suas férias ele sempre ajudava no trabalho dos pais. Fazia de tudo. Só não podia dirigir veículos, por causa da idade.
Quando ele voltou para a Piedade, o atelier dirigido por sua mãe já havia se desenvolvido mais e prestava serviços principalmente para a fábrica Reichert que havia instalado uma fábrica na cidade de Feliz. Assim, além de trabalhar com luvas, ela passou a produzir também costura em calçados. Jair passou a ajudar a mãe na busca do serviço na fábrica Reichert e na sua distribuição para as costureiras. Como ele ainda não havia completado 18 anos e não estava autorizado a dirigir veículos, foi necessário contratar um motorista para acompanhá-lo. Mas por pouco tempo. Logo Jair estava dirigindo e mostrou-se muito eficiente no trabalho. Conseguiu novas costureiras principalmente na região da serra, onde havia mais disponibilidade de mão de obra qualificada para este tipo de trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário