"O Pastor Heinrich Wilhelm Hunsche, meu inesquecível avô, quando contava já 90 anos de idade, certo dia perguntou a mim, então um jovem de dezesseis anos, se o acompanharia à igreja. Mesmo que não quisesse, como teria eu a coragem de negar-me! Não gostei do convite. Temia que o honorável ancião me perguntasse sobre a minha disposição de estudar teologia. Eu sabia ser esse o seu desejo, mas eu não estava decidido.
Com estas preocupações entrei, a seu lado, na igreja. Chegamos ao altar. Ele parou. Agora virá a pergunta, pensei. Que vou responder? De repente, o vovô se separou de mim, contornou o altar e começou a subir os degraus do púlpito, pausadamente, um após outro, até chegar ao topo. Lá apoiando os seus braços sobre o púlpito, disse com voz firme: "Ainda dá!". E, no domingo seguinte, o nonagenário celebrou, em substituição ao pastor local, impedido, todo o culto festivo de Natal."
Heinrich Hunsche, avô do formidável historiador Carlos Henrique Hunsche, foi o primeiro pastor da paróquia evangélica que englobava as povoações de São José do Hortêncio, Linha Nova e Nova Petrópolis. Quando já era muito idoso, aposentou-se das suas atividades em Linha Nova e foi morar em São Sebastião do Caí, na casa de seu filho médico: Carlos Frederico Hunsche. Mesmo em idade muito avançada, sempre que o pastor do Caí ficava impedido de celebrar os cultos, o velho pastor Hunsche o substituía. Como aconteceu naquele longínquo dia de Natal caiense.
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