terça-feira, 8 de dezembro de 2009

749 - Weissheimer: a saga de uma família imigrante

Para se ter uma idéia de como foi a saga dos imigrantes alemães que emigraram para o Brasil no início do século XIX, nada melhor que o exemplo de uma das famílias que realizaram esta extraordinária aventura. Usaremos, para isto, o caso do jovem casal Jakob e Maria Magdalena Weissheimer, que para cá veio com um casal de filhos pequenos e uma jovem criada de onze anos. A vida destes pioneiros foi pesquisada de forma extraordinária pelo seu descendente Egídio Weissheimer e está descrita na admirável obra "Weissheimer - História de uma família renana, de Westhofen a São Leopoldo".
Faremos aqui apenas um resumo da narrativa extensa e detalhada contida no livro:
Jakob nasceu em 1799 e tinha, portanto, apenas 26 anos quando chegou ao Brasil, em 1825. Sua cidade natal, Westhofen, situava-se perto da divisa com a França e, por isto, sua população esteve constantemente envolvida nas guerras que causaram tantas mortes, miséria e padecimentos no final do século XVIII e início do século XIX. Tempos da Revolução Francesa e das guerras napoleônicas. Um tio de Jakob, chamado Heinrich, foi obrigado a integrar-se às forças de Napoleão na sua malfadada invasão à Rússia e morreu na guerra. Durante a infância de Jakob, a região onde situava-se Westhofen estava sob o domínio da França.
Mesmo com os problemas causados pelas constantes guerras, as crianças alemãs costumavam, naquela época, ter seis anos de estudos primários. O que bem demonstra a superioridade cultural da Alemanha em relação ao Brasil naquela época, tal como ainda acontece agora.
Em 1815, com a derrota de Napoleão na batalha de Waterloo, terminou o domínio francês e Westhofen voltou a ser alemã.
O pai de Jakob era dono de uma hospedaria (um pequeno hotel), mas ele não seguiu a mesma profissão. Seu tio e padrinho, que também chamava-se Jakob Weissheimer e residia em Alzey, era dono de um moinho movido pela corrente d’água de um arroio, que era usado na época para moer os grãos de trigo, transformando-o em farinha. Para a época, o moinho d’água era um prodígio tecnológico que deve ter encantado o menino Jakob. Assim, quando chegou a idade dele aprender uma profissão, ao invés de trabalhar na hospedaria do pai, foi trabalhar no moinho do tio e passou a morar na casa dele. Isto em 1816. O moinho chamava-se Raumühle, pois pertencera à família Rau, antes de ser adquirido pelos Weissheimer.
Aconteceu, então, nos anos de 1818 e 1819, que a região foi assolada por uma grande seca. As lavouras não produziam nada e os moinhos não tinham grãos para moer. Além disto o arroio que movia o moinho secou, tornando impossível continuar a produção. A miséria foi tanta, que aqueles anos ficaram conhecidos como anos da fome. Aos 22 anos, Jakob teve de deixar a casa dos tios para começar a sua própria vida. Comprou uma pequena propriedade próxima à cidade natal, o que não foi difícil, pois era muito grande o número de pessoas que deixavam suas terras na Alemanha tomando o rumo da imigração (principalmente para os Estados Unidos). No mesmo ano de 1822 ele se casou com a jovem Maria Magdalena Schoop, de 20 anos. E não demorou muito para que nascesse a primeira filha do casal, chamada Ana Maria. Como Maria Magdalena precisaria cuidar da criança recém nascida e não poderia ajudar no trabalho, o casal resolveu adotar uma menina para ajudar nos trabalhos da casa. O nome desta menina era Gertrud e ela era uma das centenas de crianças miseráveis que haviam naquela região por esta época. Seus pais estavam mortos ou não tinham condições de mantê-la. Mesmo tendo apenas nove anos de idade, a menina ajudou muito no trabalho doméstico, como era normal na época. Ela recebeu o sobrenome Weissheimer e foi tratada como filha.

4 comentários:

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  2. Meu nome é Renan, vim do Rio Grande do Sul e hoje moro no RJ, por alguma razão que desconheço ouve um problema no registro de meu avô ou bisavô que nosso segundo nome ficou Weskeimer, tal erro se perpetuou nas gerações seguintes de nossa linhagem e pretendo retomar através de meus futuros filhos tal erro. Foi uma grande alegria ter encontrado esse artigo e obrigado pelos envolvidos por trazer um pouco mais do nosso passado.

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  3. Meu nome é Marcos tadeo stroschoen sou filho de Gueroldo Stroschoen e Orlanda Weissheimer e meus avós maternos Cristiano weissheimer e Carlota Dresch Weissheimer

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  4. Sou Carla Weissheimer filha de Paulo Weissheimer natural de lajeado RS neta de Edgar Weissheimer e Maria rosamelia Weissheimer moramos na cidade de Bagé

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