sábado, 12 de dezembro de 2009

754 - Primeiro escrivão de Bom Princípio

Pesquisa realizada por Felipe Kuhn Braun mostra como era a vida nas colônias alemãs do interior riograndense:

"O imigrante Heinrich Harry Roehe foi um líder de sua comunidade e muitas das cartas e documentos que ele escreveu e trouxe da Alemanha, ainda são preservadas pelos seus descendentes. Roehe rompeu tradições da sua época, ao se instalar em Porto Alegre trocou de religião e se casou com uma paulista residente na capital, Maria Gonçalves Trindade, descendente de portugueses. Maria tinha mais de trinta anos quando casou e demorou muitos anos até ter um filho, algo raro para a época. O primeiro filho do casal Roehe nasceu somente oito anos depois do casamento, o menino saudável, batizado pelo padre polonês Agostinho Lipinski passaria a se chamar Henrique.

Maria passou muito mal e veio a falecer dez dias depois do nascimento de Henrique. O pai tinha muitos compromissos e pediu para que sua vizinha Barbara, uma bela jovem de 17 anos cuidasse de Henrique. Cinco meses se passaram e Heinrich Harry casou com Maria Marbara Doehren. A moça que cuidou de Henrique virou sua madrasta. Junto com Barbara, o imigrante Roehe teve mais nove filhos, sete dos quais, chegaram a fase adulta. Como Barbara não fazia distinção entre seus sete filhos e seu enteado, ela e seu marido combinaram de jamais contar a Henrique que ela não era sua mãe. Acontece que pouco depois de Henrique completar seus 21 anos, ele soube por meio de outras pessoas que sua mãe havia falecido jovem e que Barbara era sua madrasta.

Como uma forma de recompensar o filho pelos sofrimentos e de também proporcionar a ele melhores oportunidades, Heinrich Harry pagou a Henrique o curso de Direito. Cursar Direito na segunda metade do século passado exigia muitos recursos e grandes desafios. No Rio Grande do Sul não havia Universidades na época. Henrique foi a São Paulo e ficou hospedado com seus parentes paulistas. Depois de alguns anos ele voltaria para o sul e se instalaria em Bom Princípio onde se tornaria o primeiro escrivão da localidade no ano de 1889. Henrique se casou com uma neta do fundador de Bom Princípio, Maria Schneider e com ela teve oito filhos."

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