quarta-feira, 21 de abril de 2010

819 - Cassel x Selbach

O doutor Bruno Cassel foi um médico querido do povo e imbatível nas eleições para prefeito

Na fase em que Cassel e Selbach se alternavam no poder, Bernardo chegou a ter certa influência na política. Foi suplente de vereador por 11 anos. Mesmo sendo filiado ao MDB (partido depois denominado PMDB), ele tinha bom acesso ao prefeito Cassel, pois entregava pão diariamente na sua casa. E o doutor apelava para Bernardo quando precisava de algum préstimo, pois sabia que era pessoa de confiança.
Certa vez, como a ponte sobre o arroio Coitinho havia caído, Bernardo foi falar com o Doutor para pedir providências. Aproveitou para pedir ao prefeito que fosse colocada novamente a luminária em forma de estrela de Natal, que fora instalada no alto da pedreira, fazendo bonita vista. Ela podia ser avistada até das montanhas situadas no município de Salvador do Sul. Cassel deu ordem ao seu secretário de obras para que fosse atendido o pedido de Bernardo quanto à ponte. Mas quanto à estrela, não.
Explica-se: a estrela de Natal havia sido uma realização do seu grande rival Heitor Selbach. A disputa políticaentre os dois era famosa e dividia a população. Tanto que, em governos de Heitor Selbach, quando a estradinha que dava acesso ao Hospital Sagrada Família estava mal conservada as pessoas diziam que o prefeito Selbach deixava a estrada assim de propósito. Só porque o Doutor Cassel tinha de passar por ela várias vezes por dia, quando ia para o seu trabalho no hospital e quando voltava para o consultório na sua casa.
A ponte do arroio Coitinho ficou caída por três meses, impedindo a passagem de veículos, apesar do seu conserto ser uma obra pequena. Fácil de ser realizada. A prefeitura não podia fazer a obra sem uma autorização do DAER, órgão estadual responsável pelas estradas. Como se vê, os entraves da burocracia e a ineficiência dos governos não são coisa só dos nossos dias.
A colocação da estrela acabou ocorrendo por insistência de Bernardo, que falou com o proprietário das terras (no morro do hospital) em que ela costumava ser colocada na época do Natal. Jaime Blauth, o proprietário, não só consentiu como foi o primeiro a assinar um abaixo-assinado pedindo a volta do enfeite natalino.
Havia um problema entre a prefeitura e a CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica) que teve de ser superado, mas acabou por haver um acordo. A prefeitura colocou os postes, a CEEE estendeu a rede de fios e a estrela voltou a brilhar nas noites natalinas.

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