Bernardo Padeiro, orgulhoso do partido que ajudou a criar, não aceitou a “entrega” do partido a Egon Schneck e Gerson Veit que, abaixo do Doutor Cassel, haviam sido os principais líderes da antiga ARENA. Bernardo nunca perdoou totalmente Dary Laux e Alzir Bach pelo que considerou uma traição ao PMDB.
Ele ficou sabendo da “entrega” através de Gerson que, certo dia, lhe disse: “eles querem que eu vá para o PMDB e seja candidato a prefeito”. Além de Bernardo, outras lideranças do partido, como Luiz Fernando Oderich, resistiram à idéia inicialmente. Bernardo nunca aceitou completamente aquela atitude.
Havia, na Vila Rica, o problema da fábrica SGS. Ela começou como uma fábrica de conservas de frutas. Na década de 90, no entanto, passou a trabalhar com resíduos do processo de produção do óleo de soja. Esta nova atividade da empresa tinha o inconveniente de gerar um intenso mau cheiro e poluição no Arroio Coitinho, que atravessa o bairro. Passando, inclusive, ao lado da casa de Bernardo.
A população da Vila Rica já havia convivido anteriormente com um outro cheiro bastante intenso mas bem mais agradável: o da torrefadora de café Amberger. Quanto a esse, as queixas foram poucas. As pessoas brincavam dizendo que estavam economizando, pois não precisavam mais comprar café. Só com o cheirinho elas já se satisfaziam. O cheiro da SGS, no entanto, além de intenso, era muito desagradável. No verão, não dava para deixar as janelas abertas (o que era comum naqueles bons tempos em que a criminalidade era muito reduzida).
No tempo em que Gerson Veit foi prefeito (de 1993 a 1996), a revolta contra a SGS foi tanta que ele chegou a pensar em fechar a empresa. A poluição era visível nas águas do arroio, mas havia uma alegação, de parte da empresa, de que o problema era causado pelo esgoto do Loteamento Popular (construído pouco antes), que era lançado no arroio sem tratamento. Bernardo, então, caminhou por dentro do arroio e constatou que o problema era gerado pela empresa. Pois acima dela, o arroio se apresentava normal.
Numa reunião da Associação dos Moradores do Bairro Vila Rica, a questão foi discutida e foi até constituída uma comissão com a incumbência de ir até a empresa para discutir o assunto e pedir providências. No dia e hora marcados, só Bernardo apareceu. E ele decidiu ir sozinho. Foi bem recebido por Nei Schneider (que continua na empresa até hoje). Lhe foi dito que a empresa estava tomando providências para solucionar o problema, mas não ocorreu uma melhora imediata.
Mesmo assim, ao invés de engrossar o coro dos que pediam o fechamento da SGS, Bernardo tratou de manter suas conversas com os dirigentes da fábrica, incentivando-os a encontrar uma solução para o problema. O que acabou acontecendo. Hoje a SGS continua ativa e até aumentou suas instalações e capacidade de produção, mas encontrou meios de evitar o problema. O mau cheiro e as queixas terminaram. A diplomacia de Bernardo ajudou a salvar os empregos das pessoas que, então, trabalhavam na empresa.
Quando Gerson Veit, no último ano do seu governo, promoveu um grande programa de asfaltamento das ruas da cidade, o gerente da CORSAN pediu a Bernardo para convencer o prefeito a não asfaltar a rua Omiro Ledur e a rua da Várzea antes que fossem trocados os canos da rede de distribuição de água, que eram velhos e fracos, muito sujeitos a vazamentos. O prefeito não ouviu a advertência e fez a obra sem esperar pelas providências da CORSAN. O resultado foi que mal havia sido feito o asfaltamento das ruas, já começaram a acontecer vazamentos que obrigaram a CORSAN a esburacar o asfalto. Por isso o asfalto no Caí, hoje, é cheio de remendos. E o problema é ainda maior na rua Omiro Ledur, onde a água é impulsionada com grande pressão, para que ela suba ao Loteamento São Rafael, situado no alto de um morro.
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