A década de 1980 foi a da retomada de fôlego para os morroreutenses. Se a perda do movimento na estrada federal significou desemprego e falta de oportunidades, a chegada de indústrias e a ampliação das existentes passaram a ser um alento. Ao mesmo tempo, os aviários e o cultivo da acácia, milho, verduras e flores, principalmente, começaram a apresentar resultados promissores. Em 1991, com 800 propriedades rurais em atividades, Morro Reuter, ainda em 2º Distrito de Dois Irmãos, produzia cerca de 5 mil toneladas de batatinha por ano, 3.200 toneladas de frango, 1.600 toneladas de milho, 1 milhão de litros anuais de leite . Estavam preenchidos os quesitos básicos para o município pleitear a emancipação política. Como lembra o professor Affonso Sebastiany, “a organização em torno dos centros comunitários, evangélico e católico, levou as lideranças a criarem os próprios meios de progresso que mais e mais alimentaram os planos emancipacionistas”.
Fizeram parte da Comissão Emancipadora Leopoldo Kochhann, como presidente, José Paulo Meyrer, Roque Querino Klauch, Affonso Sebastiany, Vergílio Perius, Affonso Inácio Rohr, Guido Wiest, Roque Dieter, Wilson Reinheimer e Benno Mallmann. Nos meses em que a comissão trabalhou, reunido argumentos para a inclusão de Morro Reuter no plebiscito previso pelo governo do Estado para outubro de 1991 nos locais candidatos a município, toda a comunidade se mobilizou. Nessa etapa, a Comissão contou com a simpatia do próprio prefeito de Dois Irmãos, Arnildo Malmann, e com uma campanha desenvolvida pelo jornal Dois Irmãos. No centro, principalmente, a maior parte dos moradores defendia a emancipação. Em outras localidades, como São José do Herval e Walachai, os eleitores preferiam permanecer como distrito de Dois Irmãos, satisfeitos que estavam com a administração de Mallmann.
No dia 10 de novembro de 1991, foi realizado o plebiscito. Pelos resultados da apuração, de um total de 2.847 eleitores aptos, 2,283 votaram. O Sim obteve 1.228 votos, o Não 1.025. Foram30 votos em branco e nulo. Democraticamente, estava vitorioso o sonho de tornar uma dos novos municípios do Rio Grande do Sul. Em 20de março de 1992, o governador Alceu Collares assinou a lei estadual nº 9.583, oficializando a emancipação. No dia 3 de outubro, os morro-reutenses participaram da primeira votação para escolha de prefeito, vice-prefeito e vereadores. Agora, os próprios moradores decidiam sobre seu futuro.
Emancipado, o município de Morro Reuter ficou formado pelo núcleo central, Belvedere e Linha Görgen e pelas localidades rurais do Walachai, São José do Herval, Picada São Paulo, Linha Cristo Rei, Fazenda Padre Eterno, Birckental, Frankental, Muckental, e Batatental. “Tal” é designado de vale, lugar em que as lavouras fornecem um dos esteios da economia municipal. Nos últimos anos, a exploração da acácia-negra, da qual é extraído o tanino usado na indústria coureira, vem se expandindo. Da mesma forma, vem crescendo o número de estabelecimentos comerciais e industriais. Em 2003, Morro Reuter encara o futuro com a garantia de empregos e benefícios proporcionada pela produção constante de fábricas e ateliês de calçados, frigoríficos e aviários de grande porte. Já fazem parte da história os anos em que a maioria dos morro-reutenses só podia apostar no movimento da BR-116.
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