domingo, 29 de agosto de 2010

967 - Como surgiu o café colonial

Encanto dos turistas, o café colonial surgiu em Morro Reuter


"Morro Reuter foi o berço do café colonial, na época em que ainda era distrito de São Leopoldo. Depois de Dois Irmãos, Gramado e Canela deram fama nacional ao café acompanhado de dezenas de iguarias, cada vez mais sofisticadas. 
Dois Irmãos ostenta o título de Capital do Café Colonial. Mas foi em Morro Reuter, à beira da estrada federal (BR-116), que nasceu o simplesmente chamado café com mistura, origem do que veio a se tornar atração turística. Ainda nos anos 50, o restaurante do Turista, e o Galeto Copacabana começaram a servir um café reforçado por muitos produtos da colônia alemã.
Em 1935, a família Schäfer construiu a parte inicial do prédio do atual restaurante Klaus Haus, no Quilômetro 216 da BR-116, nº 1445. Junto ao primeiro restaurante, a Distribuidora Shell instalou a primeira bomba manual de gasolina da região, pois de Novo Hamburgo a Nova Petrópolis não havia outro ponto de abastecimento. Por volta de 1950, a família Feltes adquiriu o posto e o restaurante, ampliou a construção, colocou uma bomba de gasolina mecânica e reinaugurou o estabelecimento com o nome de Galeto Copacabana.
Passageiros do ônibus e carros que trafegavam pela faixa federal, como era chamada a estrada de chão batido, não resistiam ao apelo do galeto servido com massa caseira, polenta e saladas. Foi quando os Feltes começaram a oferecer, além de almoços, um café com acompanhamentos caseiros a que batizaram de café com mistura. Junto com as xícaras e bules, vinham para a mesa de pães de trigo e milho, roscas de polvilho, cucas, queijo, lingüiça, morcilha, queijo-de-porco, nata, requeijão, mel, salsicha bock, rocambole, rabanete e pepino. Tudo de produção própria. Estava nascendo Morro Reuter o logo famoso café colonial, também servido nas mesas da Rodoviária e no restaurante do Turista.
José Antônio Pinheiro Machado, o Anonymus Gourmet dos programas de rádio e TV e dos livros sobre gastronomia, na crônica “O carinho de Morro Reuter” (Zero Hora, 25/10/2002), torna pública a certidão de nascimento do café colonial: “Morro Reuter é uma das minhas primeiras, digamos assim, memórias gastronômicas, anos 50 e 60, quando íamos a Caxias, meu pai pilotando o seu flamante Aero Willys, Serra acima. Parávamos para o café colonial, e ali descobri pela mão de meu pai o encanto inexcedível de um sanduíche feito de fatias de cuca açucarada com boa manteiga colonial e salame italiano. Depois, Morro Reuter se tornou uma referência naqueles sábados nublados que pedem uma mesa farta, de sotaque alemão e alguma cerveja, antes da sesta inevitável."
Os Feltes mantiveram o Galeto Copacabana até 1982. Depois de um período de abandono, Elton e Carmen Wedig adquiriram o prédio, que passou por reformas e foi reaberto em 16 de dezembro de 1988 com o nome de Restaurante Klaus Haus. A área da Rodoviária hoje é ocupada pela fábrica de Calçados Maide, e onde existia o Turista surgiu a primeira linha de costura da Indústria de Calçados Wirth, depois substituída pelo prédio da atual Metalúrgica Reuter.
No final da década de 1960, ficou totalmente asfaltada a BR-101, entre Osório e Torres. A maior parte das empresas de ônibus interestaduais optou pela nova ligação junto ao litoral, principalmente quando a freeway foi inaugurada, em 1973. E o esvaziamento do fluxo de viajantes se ampliou quando ficou pronto o asfalto que também leva à Serra, desviando por Portão e São Vedelino. A nova realidade econômica se tornou um desafio para os moradores de Morro Reuter".

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