Cemitério antigo e abandonado seria perdido, não fosse a intervenção de Felipe Braun |
A família que adquiriu as terras, no ano de 2011, demoliu o cemitério para sua plantação e não sabia o que fazer com as lápides antigas. Felipe, que faz parte da diretoria do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo e que há dez anos percorre o interior pesquisando sobre imigrantes germânicos, ao tomar conhecimento do caso, decidiu levar as lápides e crucifixos abandonados para o cemitério do imigrante no bairro Feitoria, em São Leopoldo. Transportando assim, todas as lápides antigas.
Na primeira viagem, realizada dia 30 de outubro, Felipe trouxe quatro crucifixos de ferro sem identificação. No dia seguinte, ele trouxe 15 crucifixos. O mais antigo era do ano de 1878, o mais recente (do último sepultamento feito no local) do ano de 1929.
Felipe providenciou, então, juntamente com o Museu Visconde de São Leopoldo, um pequeno caminhão para transportar as lápides esculpidas em pedra grês e os crucifixos maiores para o cemitério do imigrante na Casa da Feitoria em São Leopoldo. No dia 5 de novembro, ele voltou para o local, juntamente com Márcio Linck (historiador e Diretor do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo) e o historiador Ricardo de Moraes (de Novo Hamburgo). Os três transportaram as pedras maiores, os crucifixos feitos em ferro e as lápides esculpidas em pedra grês.
Segundo informações de moradores da localidade, parte do cemitério já havia sido destruída há pouco mais de um ano, já que o cemitério ficou na divisa de duas propriedades e uma das famílias havia tirado as lápides que ficaram dentro de suas terras, para aumentar a área de plantio. No antigo cemitério estavam sepultados imigrantes, famílias alemãs e portuguesas. As antigas cruzes de ferro, demonstram que este cemitério era muito antigo, já que o uso desse tipo de material, é anterior ao uso de pedra grês. Boa parte das inscrições em pequenas placas de metal não foram encontradas, já que anos antes o cemitério já havia sido depredado.
Mais pessoas precisam ter atitudes como a de Felipe Braun e seus companheiros, para que o patrimônio deixado pelos primeiros colonizadores da região não seja perdido.
EM HORTÊNCIO
Problema semelhante aconteceu com o antigo cemitério evangélico de São José do Hortêncio, pelo ano de 2003 ou 2004.
O cemitério ficava no centro de São José do Hortêncio e era um dos mais antigos da região de colonização alemã.
Pertencia a Igreja Luterana da localidade. e estava desativado há várias décadas. A comunidade vendeu a área para a prefeitura municipal, para a construção de uma praça.
A prefeitura arrancou todas as sepulturas e jogou-as umas sobre as outras. Todas as antigas pedras grês foram quebradas e levadas até o cemitério mais recente da comunidade luterana.
A prefeitura construiu a praça sobre o terreno do antigo cemitério. William Werlang, de Agudo, visitou o local e fotografou as lápides, o caso deu repercursão em toda a região e foi divulgado pela imprensa na época.
A prefeitura decidiu então colocar o nome da praça de “Praça dos Imigrantes” listando, numa placa, todos que estavam enterrados no local.
Parabéns pelo blog, bastante interessante. Já está na minha lista de favoritos.
ResponderExcluirMas uma curiosidade: No caso desse cemitério abandonado em S. J. do Hortêncio, foi pelo menos retirados o que restou dos restos mortais das sepulturas?
Aqui em Novo Hamburgo, trabalhei numa empresa em que o local era a matriz da Formas Kunz, prédio bastante antigo, e que nos fundos tinha uma lápide abandonada em pedra gres, escrito em alemão, e com pelo menos 100 anos, como descrito na postagem. Está atirada, em meio ao mato.