sábado, 31 de dezembro de 2011

1280 - Uma herança desprezada

 Texto de Luiz Fernando Oderich

A cada quatro anos, tenho um encontro marcado com minhas origens. Em Freiburg, sul da Alemanha, ocorre uma feira internacional a qual compareço por motivos profissionais. O mundo encontra-se lá. Nos corredores, esbarramos em russos, chineses, africanos, a própria Nações Unidas. Para mim, um vexame com hora marcada, pois tenho sobrenome e cara de alemão, mas falo muito mal a língua de meus avós. Pior, vejo muitas dessas pessoas a meu lado, de tantas origens diferentes, vários deles conversando fluentemente naquela língua estrangeira em que eu deveria ser fluente. Morro de vergonha.
Pouco importa minha idade, 62 anos, se há algo a corrigir, sempre é tempo para tentar. Estive agora em outubro, numa linda cidade medieval, chamada Schwäbisch Hall onde frequentei aulas no Goethe Institut. Meus colegas eram da Coréia do Sul, da Hungria, da Austrália, da Turquia, do Egito, dos Estados Unidos, da Itália. Em outras salas havia chineses, russos, tailandeses. Não sei ao certo quantas nacionalidades.
Afinal por que tanta gente ainda estuda essa língua, quando o inglês parece dominar tudo? Aí você começa a apreciar as estatísticas. Na comunidade europeia, o alemão é a segunda língua mais falada e a segunda mais estudada como língua estrangeira. A segunda, sim, há o dobro de pessoas estudando alemão do que o espanhol.
 O que está por trás de tudo isso chama-se TECNOLOGIA, RIQUEZA, OPORTUNIDADES. Um país com pouco mais de oitenta milhões de habitantes até um ou dois anos atrás ocupava o primeiro lugar de maior exportador do mundo. A perda para a China é recente, e ainda preserva o segundo posto. Os asiáticos, expertos, inundam as salas de aula do Goethe.
Enquanto isso, em nossa região, toda essa cultura está morrendo rapidamente. Há muitos mitos sobre a cultura e a língua alemã. Há até quem acredite que as garrafas de vinho branco sejam azuis. Não vi uma única sequer. Outros dizem que a língua seja difícil, e assustam-se com aquelas palavras enormes.
O ser humano teme o desconhecido. Quando começamos a nos familiarizar, vemos que difícil mesmo é a língua portuguesa. O alemão procura construir novos conceitos, usando o que já conhece. Vejam as palavras: o sapato ( der Schuh), a luva  (der Handschuh – o sapato da mão) e o chinelo ( der Hausschuh – o sapato que usamos em casa).
Melhor de tudo. Hoje em dia, pela internet, podemos apreender muito e absolutamente de graça. Inclusive a pronúncia. O caminho é bem fácil . Procure em cima o ícone “Deutsch Lernen”, a seguir “Deutsch Üben im Web” e depois “Aufgaben”. Há muitos e divertidos exercícios para todos os níveis. Desde o iniciante até o mais avançado. Aproveite, ensine seus netos.


Luiz Fernando Oderich é empresário bem sucedido, diretor empresa Max Metalúrgica. É autor de vários livros e criador da ONG Brasil sem Grades, que procura soluções para o problema da violência que mata tantos jovens brasileiros. Neste artigo, Luiz Fernando enfatiza a necessidade de preservarmos o domínio da lígua alemã. Um verdadeiro tesouro que precisamos valorizar e preservar.

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