terça-feira, 17 de janeiro de 2012

1295 - 30 anos do Fato Novo: o jornal nasceu para mudar uma realidade

Há 30 anos, o Fato Novo acompanha a vida das pessoas 
O Vale do Caí foi uma região muito dinâmica na segunda metade do século XIX. Os imigrantes alemães, com técnicas agrícolas mais avançadas do que as dos luso-brasileiros, davam grande produtividade às suas culturas. A ponto da pequena região do Vale do Caí tornar-se, nesta época, a principal produtora de feijão do país. Outro exemplo desta pujança agrícola está na produção de alfafa. Era no Vale do Caí que o Exército Nacional se abastecia de alfafa para a alimentação dos cavalos que transportavam seus pelotões de cavalaria. A criação de suínos era outra grande riqueza, transformando a banha em item importante das exportações brasileiras.
Além do que, os imigrantes também se dedicavam à extração da madeira (foi do Vale do Caí que saiu a maior parte da madeira usada para as construções de Porto Alegre no século XIX) e uma grande variedade de indústrias. Os moinhos (impulsionados por rodas d’água) disseminaram-se pela região. Haviam mestres na construção destes engenhos (como foi o caso do pai de A J Renner). Os colonos também exploravam atividades como a indústria cerâmica, com suas tradicionais olarias; a produção de farinha de mandioca e polvilho, que era feita nas atafonas; a de cerveja, com dezenas de fábricas espalhadas pelo Vale; a de cachaça, nos alambiques, além das fábricas de banha.
São Sebastião do Caí era o centro de uma rica região colonial que incluía Harmonia, Tupandi, São Vendelino, Bom Princípio, Alto Feliz, Vale Feliz, Farroupilha, Caxias do Sul, Nova Petrópolis e São José do Hortêncio.
Tudo que se produzia nesta grande região colonial era levado em carroças e no lombo de burros ou mulas (ou ainda em tropas, no caso de animais) até o porto do Caí. O que deu à cidade a condição de tornar-se um dos mais importantes polos comerciais do estado e favoreceu, inclusive, o desenvolvimento da indústria. Ali surgiu, em 1908, a fábrica de conservas Oderich (uma das indústrias pioneiras na produção de conservas de carnes a nível mundial) e, em 1911, foi fundada a pequena indústria de confecções na qual A J Renner passou a produzir as primeiras capas de chuva impermeáveis do Brasil.
Nesta época, 1910, a cidade de São Sebastião do Caí contava com população de 3.150 habitantes. Era um dos mais importantes polos comerciais e industriais do estado. Destaques que fazia dela uma das poucas cidades gaúchas a contar com ligação telefônica com Porto Alegre.
Ocorreu, então, a inauguração da estrada de ferro ligando Porto Alegre a Caxias do Sul e, com isto, a navegação fluvial pelo rio Caí começou a perder importância. O movimento no porto foi diminuindo e a cidade entrou em decadência. A J Renner, percebendo isto, mudou sua fábrica para Porto Alegre. A mudança começou em 1914 e foi concluída em 1917. E a cidade entrou numa fase de profunda estagnação, da qual custou a recuperar-se. Tanto que, no ano de 1960, a sua população era de 3.425 habitantes. Cinqüenta anos após, permanecia quase a mesma de 1910.
A falta de progresso da cidade (em comparação com outros núcleos coloniais) foi muito notada. Era flagrante a discrepância entre o progresso de cidades como Caxias do Sul e Novo Hamburgo em relação ao Caí.
O geógrafo Jean Roche, na sua obra A Colonização Alemã e o Rio Grande do Sul, escrita em 1962, registrou bem esta situação, como se pode observar nos seguintes trechos:
“Caí, cujo porto servia uma imensa interlândia (até Caxias) e que disso tirava a sua prosperidade comercial, foi vítima de uma verdadeira imobilidade em benefício da via férrea, cuja abertura o feriu de morte.”

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