Clemente tem 94 anos e sua irmã Catarina 91: ambos são saudáveis e bem dispostos |
Seu Clemente tem 94 anos e muito boa disposição. Quando o Fato Novo foi entrevistá-lo, ele havia saído para passear na cidade. Foi de ônibus, sozinho. Ele foi no barbeiro e almoçar fora. Ele gosta de comer um peixe, de vez em quando.
Sempre trabalhando na roça, Clemente não teve muitos divertimentos. Mas, quando jovem, gostava de jogar futebol. Ele foi baque (zagueiro central) no time do Nacional, do Chapadão. E teve a oportunidade de jogar com craques como Pérsio Piovesan e Mujica. Uma vez foi jogar em Montenegro, contra o Montenegrino e perdeu de dez a zero.
Ele gostava também de caçar, com os amigos. Matou muita lebre aracuã e pomba do mato. Sempre bebeu uma cachaça com mel e limão. Só um cálice, uma vez por dia. Perguntou para o Doutor Cassel se fazia mal e o Doutor disse que era remédio. Nunca tomou um porre.
A maior bobagem que fez foi começar a fumar, aos 14 anos, mas largou aos 17. Achou que era bobagem queimar dinheiro.
Quando jovem levava produtos coloniais (especialmente lenha, laranja e bergamota) até o porto do Caí. Os produtos eram levados para Porto Alegre em balsas puxadas por uma gasolina. Chegou a ver o vapor Salvador navegando no rio Cai. Certa vez foi, numa gasolina, até Porto Alegre (em 1934), acompanhando seu pai, que havia sido mordido por cachorro louco (contaminado por raiva ou hidrofobia) e teve de ir até lá para fazer uma injeção.
Seu Clemente casou aos 33 anos e teve quatro filhos. Mora, hoje com um deles e a nora.
Catarina é irmã mais nova de Clemente. Ela tem apenas 91 anos e é a única irmã ainda viva.
Dona Catarina é solteira e vive sozinha, mas tem grande assistência do seu sobrinho Alex Weissheimer e dos demais parentes. Quando menina estudou na escola do Chapadão, com a professora Jaci Nunes Platz, que era ótima professora. Ela ganhou a vida como costureira e costura até hoje. Chegou a fazer camisa calça para os colonos, por um conto e meio de réis. Mais tarde fez curso de costura e passou a costurar também para as famílias ricas do Caí.
Assim como Clemente, ela é bem disposta e muito conversadeira. Quando jovem chegou a namorar, mas o seu pai não consentiu porque o rapaz era muito malandro. Mas ela não guardou mágoa e não se arrepende de haver ficado solteira e sem filhos. As melhores lembranças que guarda da juventude são as carneações de porco, quando vizinhos e parentes se reuniam para o serviço de fazer linguiça murcília, torresmo e queijo de porco. Ela come de tudo. Mas à noite, café com leite e pão com schmier.
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