As pontes estreitas tem sido alvo de frequentes acidentes: em meio ano, três carros despencaram delas e três pessoas morreram |
Durante o resgate dos corpos, bombeiro olha um sandália de criança tirada do carro e pensa no seu próprio filho |
Ela era natural de Parobé, no Vale do Sinos e ele, embora tenha nascido em Sobradinho, veio morar em Novo Hamburgo quando tinha 16 anos. Veio com os pais e irmãos, atraídos pelas boas perspectivas de emprego que a indústria do calçado oferecia naquela época.
Ambos tinham filhos, mas estavam separados de seus primeiros marido e esposa. Laurita tem quatro filhos e Aristênio três filhas.
Na madrugada de sábado, o casal voltava da cidade de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, onde Laurita residia.
Aristênio vinha dirigindo o automóvel Gol, que lhe havia sido emprestado por seu irmão Fábio. Como já sabia da interrupção da RS-240 no trecho entre Montenegro e o pedágio do Portão, ele decidiu utilizar a RS-124, passando pelo Pareci Novo e pelo Caí, como muita gente vem fazendo atualmente.
Por volta de seis e meia da madrugada de sábado, ele passou pelo perigosíssimo trecho das pontes estreitas do Matiel.
São três pontes sobre as quais a pista se torna mais estreita. Obra realizada há mais de 40 anos, quando o trânsito de veículos era muito pequeno. Agora a estrada foi modernizada. É larga e asfaltada. Mas as pontes são ainda aquelas, estreitas. Os carros andam rápido no largo e bom asfalto da RS-124 e, de repente, o motorista se surpreende ao ver, diante de si, o embretamento da pista numa ponte estreita e ladeada de amuradas de cimento.
E não há, sequer, sinalização clara para essa situação tão perigosa. Aristênio conseguiu passar pela primeira ponte, sobre o rio Caí, mas não passou pela segunda. Não existem testemunhas do fato. Mas, segundo um relato um tanto vago que circulou no local do acidente, ele estava ultrapassando um caminhão no trecho da rodovia situado logo antes da ponte. Ao se deparar com a ponte estreita diante de si, ele teria sido obrigado a virar a direção bruscamente, para não bater na amurada e perdeu o controle do veículo. Bateu violentamente na amurada do lado direito e o carro despecou da altura de, aproximadamente 12 metros.
Na entrada dessa ponte existe uma diferença de nível. A pista sobre a ponte é um pouco mais alta do que na estrada, formando uma pequena lombada. O que pode ter ajudado a provocar o descontrole da direção. Além disso
O fato é que, com o choque, o carro derrubou a amurada, despencou do alto da ponte e caiu dentro da água que inundava o local. Essa é uma ponte normalmente seca, situada não sobre o rio, mas sobre a várzea do rio Caí. Nesse dia, entretanto, o rio estava alto, devido às chuvas ocorridas nos últimos dias e o terreno embaixo da ponte estava inundado.
O carro bateu de bico contra a o fundo da área inundada, ficando apenas com a parte traseira visível, acima do nível da água. A profundidade, no local, era de dois e meio a três metros. Pelos danos no carro, deu para perceber que ele caiu emborcado, pois os danos maiores foram no teto. Não se sabe se Laurita e Artênio morreram com o choque ou se afogados.
Os bombeiros foram chamados imediatamente, mas levaram alguns minutos para chegar. A decida da rodovia até o local onde se encontrava o carro também é difícil.
Os bombeiros mergulharam tentando abrir as portas do carro, para retirar as vítimas de dentro dele, mas o automóvel, um Gol, estava amassado e as portas não abriram. Evidentemente, pelo tempo que as pessoas já se encontravam submersas, eles já não trabalhavam mais para salvar vidas, mas apenas para resgatar cadáveres.
O trabalho passou a ser no sentido de puxar o carro até a margem. Um trabalho demorado. Mas antes dele ser concluído, um dos mergulhadores conseguiu abrir uma porta do veículo e retirar dois corpos. Primeiro o de Laurita, depois o de Aristênio. Eles não apresentavam sinais de graves lesões, o que leva a crer que morreram afogados.
Os documentos das duas vítimas foram encontrados e os corpos identificados. Foram encontrados, também, roupas e calçados de criança. O que levou ao temor de que filhos do casal também se encontravam dentro do carro. O que não se confirmou.
O trabalho dos bombeiros demorou duas horas e meia, sendo que eles também engataram um gancho no carro para que um caminhão guincho pudesse retirá-lo do local. O que levou mais meia hora. Só então, às nove e meia da manhã, o trânsito por sobre a ponte foi liberado.
Olá, primeiramente gostaria de parabenizar este site, muito bom para quem é da região ou gostaria de conhecê-la. Neste sábado em que ocorreu este acidente eu passei pelo local por volta das 8h da manhã e havia uma viatura indicando que o tráfego estava bloqueado, mas, naquele momento não sabíamos o que era... É muito triste saber que este trecho já foi palco para inúmeras mortes e acidentes e quase nada se faz a respeito... Abraço Rafael Viegas,
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