A casa do fundador da Conservas Oderich |
Carlos Henrique Oderich era filho de Adolfo Oderich.
Adolfo, nascido na Alemanha, veio jovem para o Brasil. Era de família rica e influente. Mas, como não era o filho mais velho, não herdou o negócio de seu pai e teve de buscar o sucesso na vida em outras terras. Depois de formar-se em técnicas comerciais, ele veio para Porto Alegre (em meados do século XIX) e foi trabalhar numa empresa comercial. Ralou muito, percorrendo o interior do estado na função de caixeiro-viajante. Casou com uma caiense e ficou na cidade. Foi comerciante e industrial, destacando-se como exportador de banha. Certamente os seus relacionamentos na Alemanha, sua terra natal, o ajudaram muito.
Adolfo Oderich construiu um grande sobrado, ainda hoje existente e bem conservado, no qual reside o industrial Cristiano Oderich.
Adolfo Oderich, na primeira década do século XX, mandou seu filho Carlos Henrique Oderich estudar na Alemanha. Ele foi e aprendeu técnicas moderníssimas de conservação de carnes em latas. Voltou para o Brasil e, com apoio do pai, criou a Conservas Oderich, em 1909. Uma das primeiras indústrias no mundo a produzir e comercializar carnes enlatadas.
Quando Carlos Henrique Oderich construiu sua casa, a fez menor que a do seu pai. E ali residiu a sua esposa, Alzira Michaelsen Oderich (irmã de Egydio), até o seu falecimento (na década de 1980) com mais de cem anos de idade.
A casa aparece na foto como era quando nova. Talvez logo após a sua construção. Ela parece mais simples e menos bonita do que a sua aparência atual, apesar dela estar, agora, desabitada há bastante tempo.
A Conservas Oderich passou por período de grande decadência em meados do século XX. A fábrica de conservas chegou a fechar e foi Carlos Henrique Oderich Sobrinho que conseguiu recolocá-la em atividade. Depois disso, os filhos de Carlos Henrique Oderich (principalmente Marcos, Cláudio e Lúcia) conseguiram fazer com que a empresa prosperasse, voltando a ser uma potência mundial na produção de conservas alimentícias.
Observando essa foto e a comparando com a imagem atual do prédio, nos chama atenção o fato de que não existiam árvores em torno a casa e a própria construção parece descuidada, com problemas na pintura. Impressões que se tem quase sempre ao vermos fotos antigas.
Quanto às árvores, o que provavelmente explica essa impressão é a aversão que os antigos tinham pelo mato. Havia mato demais e viver no meio do mato era muito ruim. Os primeiros imigrantes, largados no meio do mato, sofreram muito. A selva era o inferno e eles sofreram muito para transformar aquilo em um lugar agradável para se viver.
Ninguém, naquela época, queria saber de árvore. O mais que se queria fazer era desmatar para fazer plantações e criar animais úteis. O negócio, naquela época era cortar o mato para se livrar de cobras, aranhas escorpiões e outros animais perigosos, possibilitando a criação de vacas, ovelhas, cavalos, porcos e a plantação de milho, feijão, aipim, mandioca, frutíferas e outras plantas úteis. Bem no início, até mesmo índios selvagens (saíam do mato) atacavam os colonos, matando os homens e sequestrando mulheres e crianças. Até os macacos saíam em bandos do meio do mato e atacavam as plantações de milho dos colonos, destruindo tudo.
Quanto à pintura, é muito comum observar-se o mau aspecto das casas em fotos antigas. A explicação, talvez, está no fato de que a qualidade das tintas usadas naquela época era muito inferior à atual. Além disso, o poder aquisitivo das pessoas, e das empresas, no passado, era muito inferior ao atual. Naquela época, os mais ricos viviam uma vida simples e desprovida de conforto, se comparada com a que levam as famílias da baixa classe média atualmente. A falta de tintas de qualidade e de recurso financeiro, pelo visto, fazia com que a conservação dos prédios deixasse a desejar.
Foto disponibilizada na internet por PabloSane Hentz
Nenhum comentário:
Postar um comentário