Ricardo Yates (neto dos pioneiros Richard e Mary) com a esposa, Adelia Maria, e os filhos pequenos, Ricardo e Eddy. Foto: arquivo pessoal |
Segundo pesquisa do Monsenhor Ruben Neiss, o padre Landell de Moura (notável inventor gaúcho, incompreendido na sua época) era descendente de um irlandês que viveu na região de Tupandi. Eis aí, talvez, uma explicação para a vinda desse irlandês para o Vale do Caí.
O monsenhor escreveu sobre isso que...
"...no ano de 1856, as terras que pertenceram a Salvador Alves da Rosa já haviam sido adquiridas por Roberto Landell, um irlandês radicado no Brasil que foi avô do famoso padre Landell de Moura, autor de prodigiosas invenções (inclusive o rádio) mas que não teve o seu mérito reconhecido em vida."
De onde surgiu esse irlandês?
Talvez a explicação para esse se encontre nesse artigo foi publicado na coluna Almanaque Gaúcho, de Ricardo Chaves, no jornal Zero Hora.
Irlandeses em Pelotas
17 de agosto de 2012
Houve uma colônia de irlandeses no Rio Grande do Sul, no século 19. Ficava em Pelotas, chamava-se Colônia Dom Pedro II e durou pouco tempo. Os irlandeses chegaram em 1852, escapando da Grande Fome que se abatia sobre seu país. Eram cerca de 300 pessoas, que cruzaram o mar em veleiros pequenos e vieram ocupar, na região de Capão do Leão (hoje município) os 40 lotes a elas destinados. Outro grupo, menor, foi assentado na localidade de Monte Bonito, a pouca distância do primeiro.
Os poucos registros existentes sobre os irlandeses contam que eles vinham do condado de Wexford, baronia de Forth, no sudeste da Irlanda. Havia no grupo agricultores e artífices. Aqui, recebiam material e ferramentas para plantar e construir moradias. A produção era transportada pelo Canal São Gonçalo, e os colonos muitas vezes eram vitimados por assaltos.
Alguns brasileiros os tratavam como “uns ruivos que falam uma língua que ninguém entende” – possivelmente o yola, idioma da região de Wexford na época, hoje extinto. Pelo menos um dos integrantes da colônia era inglês: Richard Lloyd Yates, que viajou com os irlandeses e conseguiu tornar-se proprietário de mais de 600 hectares de terra em Capão do Leão. Bom atirador, escrevia suas iniciais a bala num pedaço de madeira.
A colônia irlandesa não teve êxito. No ano seguinte à chegada, restavam apenas 30 famílias, ou cerca de 180 pessoas. Em 1859, havia 16 famílias, menos de cem pessoas. Por dificuldades econômicas, grande parte dos imigrantes debandou para Montevidéu, Buenos Aires e outros Estados do Brasil. Até o padre Patrick Donovan, que acompanhara os colonos, foi embora. A Colônia Dom Pedro II deixou poucas marcas em Pelotas, mas ainda existem na região descendentes dos pioneiros, com sobrenomes preservados: Stafford, Sinnott, Yates, Furlong, Monks, Carpenter. Em Monte Bonito, a Represa Sinnott lembra a presença dos imigrantes.
Uma saudação irlandesa é: “Dia duit, a chara” (“Deus esteja com você, meu amigo”).
(colaborou Adélia Yates)
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