terça-feira, 10 de dezembro de 2013

3210 - Dona Ottília não aprendeu a falar português

Na sua infância a felizense Ottília Hoffmann o alemão era a única língua falada,
tanto na sua escola como na sua família
Recentemente, entrevistamos a senhora Anna Ottília Hoffmann, na localidade de Feliz Ela nos relatou lembranças da sua infância, no interior da cidade de Picada Café, na região das “velhas colônias”, na área de colonização alemã do Rio Grande do Sul. 
Ottília, como é chamada pelos parentes, é brasileira, nascida em Picada Café, tem 90 anos e não fala português. 
Alfabetizada antes do período da Segunda Grande Guerra (1939-1945), estudou apenas quatro anos numa “escola alemã”, na localidade de Joaneta, na mesma região em que nasceu. Seus pais, irmãos, professores e colegas de aula falavam somente o idioma alemão, dialetal ou gramatical. 
Nessa época, o governo brasileiro não dava assistência alguma para quem morava nessa região. Ottília nos contou que a lembrança mais marcante de sua infância foi quando sua mãe adoeceu, ainda muito jovem, e não pôde mais trabalhar. 
Sua mãe faleceu quando ela tinha 11 anos. 
Ela nos contou que, o que mais lhe alegrava eram as visitas de sua avó materna, que vinha visitar Ottília e os irmãos, para cuidar deles. A avó foi a substituta para dar amor e carinho aos nove filhos órfãos de mãe. 
Na época da Guerra, com a proibição do idioma alemão, Ottília simplesmente ficava sem falar na missa e por onde passava, pois tinha medo das perseguições que os descendentes de alemães sofriam em toda a região. 
Essa valorosa mulher foi agricultora durante toda sua vida, não casou nem teve filhos, morou com quatro irmãos, dos quais apenas um ainda vive. A história de vida dessa senhora é semelhante às histórias de muitos dos nossos colonos, que tanto trabalharam para o desenvolvimento da nossa região, esse registro é para que histórias de vida como a de Ottília, não sejam esquecidas pelo passar do tempo.

Foto e texto do acervo de Felipe Kuhn Braun

Nenhum comentário:

Postar um comentário