Na sua infância a felizense Ottília Hoffmann o alemão era a única língua falada, tanto na sua escola como na sua família |
Ottília, como é chamada pelos parentes, é brasileira, nascida em Picada Café, tem 90 anos e não fala português.
Alfabetizada antes do período da Segunda Grande Guerra (1939-1945), estudou apenas quatro anos numa “escola alemã”, na localidade de Joaneta, na mesma região em que nasceu. Seus pais, irmãos, professores e colegas de aula falavam somente o idioma alemão, dialetal ou gramatical.
Nessa época, o governo brasileiro não dava assistência alguma para quem morava nessa região. Ottília nos contou que a lembrança mais marcante de sua infância foi quando sua mãe adoeceu, ainda muito jovem, e não pôde mais trabalhar.
Sua mãe faleceu quando ela tinha 11 anos.
Ela nos contou que, o que mais lhe alegrava eram as visitas de sua avó materna, que vinha visitar Ottília e os irmãos, para cuidar deles. A avó foi a substituta para dar amor e carinho aos nove filhos órfãos de mãe.
Na época da Guerra, com a proibição do idioma alemão, Ottília simplesmente ficava sem falar na missa e por onde passava, pois tinha medo das perseguições que os descendentes de alemães sofriam em toda a região.
Essa valorosa mulher foi agricultora durante toda sua vida, não casou nem teve filhos, morou com quatro irmãos, dos quais apenas um ainda vive. A história de vida dessa senhora é semelhante às histórias de muitos dos nossos colonos, que tanto trabalharam para o desenvolvimento da nossa região, esse registro é para que histórias de vida como a de Ottília, não sejam esquecidas pelo passar do tempo.
Foto e texto do acervo de Felipe Kuhn Braun
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