terça-feira, 17 de dezembro de 2013

3261 - A avó de Carlos Henrique Hunsche

Foto de meados do século XX: o casarão Hunsche 
(à direita do casarão Oderich) parece já estar decadente


O casarão do doutor Carlos Frederico Hunsche ficava ao lado do casarão
de Adolfo Oderich, o da esquina. Ao contrário do casarão Oderich,
que está de pé e preservado, o do Doutor Husche foi demolido
O grande historiador da imigração, Carlos Henrique Hunsche, nasceu em São Sebastião do Caí e era filho do doutor Carlos Frederico Hunsche, médico que fez sua carreira no Caí.
Quando surgiu o jornal Fato Novo, em 1982, ele se tornou colaborador assíduo do jornal, publicando, a pedido do editor do jornal, matérias que fossem relacionadas com a sua terra natal. 

Uma dessas colaborações saiu publicada na edição de 22 de dezembro de 1983, quando o jornal havia recem completado o seu primeiro ano de existência:

Minha avó materna, Guilhermina Ritter Trein (1858 - 1934), filha de Reinrich Ritter (1822 - 1889) um dos iniciadores da indústria cervejeira do Rio Grande do Sul, enviuvou com apenas 41 anos. Fora seu marido Carlos Filipe Trein (1848 - 1899) um dos grandes propugnadores da imigração italiana  São Seviabastião do Caí, por onde passou, rumo ao interior do estado, a maior parte dos imigrantes italianos a partir de 1875.
Esta nossa avó, que todo mundo chamava como "Mutterchen" (não gostava de ser chamada de avó) era a grande alegria da nossa infância no imponente casarão no alto do rio Caí, em São Sebatião, onde morávamos felizes. Hoje ruina tão triste que não inspira nem sequer nostalgia. Nessa espaçosa edificação, nossa 'Mutterchen" era exatamente o que significava o seu nome: mãezinha.
Dona Emma, ou a "Frau Doktor" nossa mãe, tinha pouco tempo para os filhos. Casada com o médico Doutor Carlos Frederico Hunsche (1875 - 1960), além de ser colaboradora do marido e administradora do casarão, trabalhava na comunidade evangélica e organizava festas, teatros e encontros. "Mutterchen", porém, tinha tempo de sobra e isso constituia uma das suas qualidades maravilhosas, tão apreciadas pelos seus netos. Era ela que nos contava de antanho (von früher), do seu adorado pai Henrich Ritter, que em 1846 havia imigrado do Hunrück (do lado esquerdo do Reno) com apenas 24 anos e que, depois de árduo trabalho, se tornou "o patriarca de Linha Nova", conforme uma expressão do seu amigo Carlos von Koseritz (1834 - 1890) no necrológio publicado em 1889, no jornal Koseritz Zeitung, de Porto Alegre.

Matéria publicada pelo jornal Fato Novo em 22 de dezembro de 1983


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