A produção comercial de morangos no Vale do Caí começou no ano de 1960, na localidade de Escadinhas, no interior do recém emancipado município de Feliz |
alemães. As características étnicas dos imigrantes foram deixando marcas no modo
produtivo, na cultura e na identidade fortemente rural. A produção agrícola e pecuária,
visavam a subsistência dos agricultores e um excedente para comercialização, visto que
a localização geográfica do Vale do Caí, facilitava o comércio tanto para Porto Alegre e
região, quanto a Caxias do Sul e região.
Até meados da década de 60, a base da pauta produtiva e de comercialização
eram as culturas do milho, alfafa, suínos e leite. Mas, já no final da década de 50, a
cultura do morango começou a ser introduzida em escala experimental, passando a
posteriori para a escala comercial. As primeiras mudas utilizadas eram conhecidas
como cultivar Guaíba e foram adquiridas do município de Portão, na propriedade de
Heine Stroher. Nesta época, o morango era comercializado em Porto Alegre, no
Mercado Praia de Belas.
Em 1959 houve uma grande seca, causando a perda de toda a plantação, pois na
época o morango não era irrigado. Em 1960, João Bruno Dullius, Luiz Bife e outros
produtores, adquiriram mudas de São Paulo, a cultivar Campinas, uma variedade de
morango nova, adaptada ao solo e clima local do Vale do Caí. Esta inovação
tecnológica foi muito importante para a difusão da cultura do morango na região.
Já Armando Bach iniciou o plantio de morango em 1962, plantando em terras de
seu pai e vendendo a produção para João Bruno Dullius. Aos poucos, João Dullius
aumentou sua área com o auxílio do filho Inésio Dullius. Em 1967, Libino Ost também
iniciou o cultivo, seguido pelo jovem Celso Bach, que juntou-se a outros agricultores,
cultivando o morango em parceria. Nesta época, Celso Bach adquiriu uma kombi para
transportar e comercializar o produto. A partir de 1969, Lauro Seidel e seus filhos
passaram a cultivar morango na localidade de Vale do Lobo.
No ano de 1970, reconhecendo que a cultura de morango era economicamente
viável, Inésio Dullius e Itacir Pastory iniciaram o cultivo em forma de parceria, com
outras 30 famílias. Em 1972, Lauro Seidel iniciou o cultivo em parceria com três
famílias. Esta opção produtiva teve continuidade, sendo que o município de Feliz é o
maior produtor de morango de mesa do Estado, até hoje.
Tal contexto passou a chamar a atenção também, de produtores da localidade de
Bom Princípio, que na década de 80 viria a se tornar município, e de produtores do
município de São Sebastião do Caí.
Em 1967, o principiense Alfeu Groth conseguiu comprar 200 mudas dos produtores felizenses. Em 1968, o mesmo plantou 15.000 mudas, e em 1969 repicou-as em 100.000 mudas.
Daí por diante outros agricultores também passaram a cultivar morangos, na área que hoje compreende o município de Bom Princípio. Já os agricultores de São Sebastião do Caí, que sempre tiveram sua pauta produtiva principal baseada nos cítricos, principalmente bergamota, viram no morango mais uma opção, mas numa pequena escala produtiva.
Deste modo, os agricultores desta região passaram a integrar o quadro produtivo
de morango no Brasil.
Atualmente os principais produtores brasileiros são os paulistas, mineiros, catarinenses e gaúchos. No Rio Grande do Sul, o Vale do Rio Caí é o principal produtor de morangos de mesa, especificamente os municípios de Feliz, Bom Princípio e São Sebastião do Caí, seguido da Serra Gaúcha; e a região de Pelotas se destaca na produção de morango-indústria.
SISTEMA AGROALIMENTAR LOCAL: UMA ABORDAGEM PARA A ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE MORANGOS, NO VALE DO CAÍ, RS - SUZIMARY SPECHT; ALDOMAR ARNALDO RÜCKERT - PGDR - UFRGS
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