quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

3441 - A difícil viagem através do oceano

Madame Langendonck veio ao Brasil para visitar 
os filhos que haviam emigrado para o Brasil
Ai de nós! Chegamos às regiões quentes, sufocávamos na cabine, forçoso nos foi ir buscar um pouco de ar na ponte. Toda a população do Amanda lá estava permanentemente, não sabíamos onde nos enfiar. Os alemães continuamente faziam uns aos outros o favor mútuo de catarem os vermes que os cobriam. O nojo deste espetáculo era atroz, e como o capitão deixava a popa à disposição de todos, era, pois, impossível evitá-lo.
Este capitão era um homenzinho rechonchudo, inquieto, de uma irascibilidade extraordinária, duro até a crueldade para com sua equipagem. Conseqüentemente, esta, disseram-me, normalmente deixava o navio no primeiro porto de escala; e jamais o capitão B... havia trazido de volta a Antuérpia os homens com os quais partira...
Muito jovem, começara a navegar com um tio, capitão-de-longo-curso; a prática lhe ensinara apenas a arte marítima; em qualquer outra matéria, sua instrução era nula.
Eis um exemplo disso: um dia, seguindo sob a carta náutica a marcha do navio que ele me indicava, quis, a propósito da bússola, lembrar-me do nome de seu inventor.
— O inventor da bússola? Disse o capitão morrendo de rir, mas a bússola é velha como o mundo, foi criada com ele. A bússola inventada! Meu Deus, Madame, não diga isso a ninguém, as pessoas ririam da senhora.
No entanto, este homem era um marinheiro capaz, livrando-se perfeitamente das posições difíceis onde muitos se perderam. Homem infatigável, via tudo, participava de tudo: enfim, fazia seu trabalho com uma inteligência que a mais sábia teoria nem sempre oferece.

Do livro Uma Colõnia no Brasil, escrito pela Madame van Labedonck

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