quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

3442 - Madame van Langendonck: uma nobre holandeza visita o Vale do Caí em 1858

Madame van Langendonck era de família nobre, 
com boa educação e pouco dinheiro
Fazendo parte da pequena nobreza, teve excelente educação, o que se percebe na leitura de suas páginas, cheias de observações inteligentes sobre o País, as colônias, os emigrantes e o governo brasileiro.
Foi poetisa e escritora com obras publicadas como Aubepines, poesia, editado em 1841 Heures poétiques, poesia, editado em 1846. Quando ficou viúva, em 1857, decide renunciar à vidaconfortável de seu país natal e emigra para o Brasil, aqui permanecendo por dois anos. Sua aventura nas florestas do Rio Grande do Sul originou uma narrativa muito viva e colorida quepublicou na Bélgica em 1862, sob o título de Une colonie au Brésil.

Comentário de Zahidé Lupinacci Muzart

O livro que Madame escreveu contando sua viagem de dois anos ao Brasil começa assim:
Creio que, quando me decidi a emigrar para o Brasil, as combinações de interesses materiais eram apenas pretexto para ceder à atração pelo desconhecido, pois eu pensava menos no que íamos fazer no Brasil do que naquilo que íamos ver.
No dia 30 de abril de 1857, saímos da enseada da Antuérpia, no brigue Amanda, comandado pelo capitão B..., com destino ao Rio Grande do Sul.
Para quem nunca viu um transporte de emigrantes alemães, é impossível fazer uma idéia deste.
A coberta do navio continha cento e cinqüenta indivíduos de todas as idades e de todos os sexos. Todos colonos livres, ou seja, tendo pagado sua passagem. Alguns carregavam consigo uma pequena fortuna, seja em espécie, seja em mercadorias. Outros haviam sido embarcados às custas de suas comunidades. Os primeiros estavam munidos de amplas provisões culinárias, os segundos, reduzidos às rações de bordo, recebiam apenas o suficiente para não morrer de fome. Todos tinham em comum uma sujeira sem nome, além de costumes que ao mais indulgente teriam parecido de uma licenciosidade bastante evidente.
A cabine do capitão, excessivamente pequena, estava situada no mesmo nível da coberta . Entre as duas, haviam nos reservado um espaço, contendo duas camas e o lugar necessário a nossas bagagens, de maneira que estávamos perfeitamente à vontade.
Nossa cabine improvisada recebia luz por dois globos de vidro, incrustados na ponte. Sós, quando o desejávamos, fazendo nossas refeições em família, inicialmente não achamos a travessia sem conforto nem sem encanto.

Do livro Uma Colõnia no Brasil, escrito pela Madame van Labedonck

Um comentário:

  1. Obrigado para destacar uma patriota. Marie Barbe Antoinette Rutgeerts van Langendonck nasceu em sete de outubro de 1798, em Antuérpia. Na época esta parte da Europa, com todo a Bélgica, era ocupada pelo exército francês. Mas em 1830 com a independência voltou a ser belga. Podemos concluir que ela era belga e não holandesa.
    Por favor corrige "escrito pela Madame van Labedonck" em "escrito pela Madame van Langendonck".

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