O bordão “entra preguinho, entra desgraçado”, dito pelo radioator Walter Broda ao som das fortes batidas do martelo do sapateiro contra a sola do sapato, era a senha para trocar de assunto. Equivalia dizer “Não acredito” ou “Tá, ruim hein?”. O programa radiofônico A Banca do Sapateiro, transmitido pela Rádio Farroupilha, foi um grande sucesso do rádio gaúcho nos anos de 1950 e 1960. Criado e dirigido por Nelson Cardoso, a atração simulava diálogos entre o sapateiro de sotaque alemão e seus clientes sobre os assuntos do cotidiano da cidade e do país. O outro personagem, que fazia contraponto à fala do sapateiro, era interpretado por Pinguinho (Ary Marinho) e sua voz estridente. A dupla também atuava no programa Rádio Sequência, o mais ouvido na hora do almoço, que ia ao ar entre as 11h30min e 13h.
Pinguinho era o torcedor povão colorado, sempre disposto a trocar provocações com o torcedor gremista protagonizado pelo “alemão” Walter Broda. Antes do rádio, Pinguinho era alfaiate, atuava uma vez ou outra no teatro e era muito arredio em relação a participar de programas radiofônicos. Então teve de ser convencido de que tinha futuro naquele meio de comunicação. Ary nasceu em Santa Maria, em 1919, e morreu em 1995. Temos poucas informações sobre a biografia de Walter, o que demonstra o precário registro da nossa história recente. A dupla também participava do programa Grande Rodeio Coringa, que era uma espécie de Fantástico da era do rádio, quando todos paravam em torno do receptor nos domingo à noite. “Plec! Plec! Plec! Entra, preguinho desgraçado…”
Matéria publicada na coluna Almanaque Gaúcho,
do jornal Zero Hora, em 22 de março de 2014
do jornal Zero Hora, em 22 de março de 2014
Boas lembranças desse tempo.
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