sábado, 3 de maio de 2014

3961 - Ponte Seca

Uma ponte seca como essa (na cidade de Ipu, Ceará) existiu em Montenegro,
quando a linha de trem passava por dentro da cidade
Ponte seca é uma forma antiga de denominar os viadutos e essa era a forma mais usada com referência aos viadutos ferroviários. Como se vê na foto (ponte seca, na cidade de Ipu, Ceará), a ponte seca permite que um linha de trem e uma rodovia se cruzem, sem risco de acidente. 
Existiu uma assim em Montenegro. Através dela o trem passava por cima da rua Osvaldo Aranha, em Montenegro. Ela ficava um pouco antes de chegar à estação ferroviária de Montenegro, quando ele vinha de Porto Alegre.
O caminho do trem que chegava de Porto Alegre passava pelo que é hoje a rua Ricardo Carlos Lerch. Uma rua estreita, das muitas que se formaram na cidade depois que foi extinta a linha que passava dentro da cidade.
O mapa acima, elaborado pelo engenheiro Ernesto Zietlow (arquiteto e engenheiro do prédio da prefeitura) provavelmente na década de 1910, mostra o ponto em que a estrada de ferro passava por sobre a rua Osvaldo Aranha.
Abaixo, na imagem extraída do Google Earth, vemos o aspecto atual da área  da velha estação ferroviária. A rua Osvaldo Aranha, que passa em frente à velha estação, segue para o lado direito da foto. Depois da curva, a primeira rua, dobrando à direita, é a Ricardo Carlos Lerch (nome do dono de uma grande olaria que existiu ali perto, no passado). Essa é uma rua estreita, que surgiu no local onde antes passava a linha de trem. Logo adiante, seguindo pela Osvaldo Aranha, encontra-se a rua Albano de Souza. Seguindo por essa rua, vê-se à direita um campinho de futebol e, logo adiante, do mesmo lado da rua, há um prédio da Brigada Militar. No local desse prédio existia o velho Moinho Montenegro, com seu grande prédio que, nas décadas  de 1940 até 1970, foi o quartel da Brigada Militar em Montenegro (foto mais abaixo).




































Abaixo a gravura mostra o projeto do antigo Moinho Montenegro, próximo à ferrovia e à estação ferroviária. O projeto não foi implantado exatamente no local  planejado, mas o prédio foi construído e, depois do fechamento do moinho, serviu como quartel para a brigada por mais de 30 anos. Depois disso foi demolido. A área ainda é utilizada pela Brigada que tem ali um pequeno quartel. Dos velhos prédios, apenas um foi conservado até hoje.




O prédio menor, que aparece logo à esquerda do prédio principal do velho
quartel da Brigada, ainda existe, como se pode ver na foto abaixo









 
Testemunho de Egon Schaeffer

Egon Schaeffer conheceu bem o antigo quartel da Brigada e faz um relato sobre ele:
"O imenso prédio do moinho de farinha foi utilizado, depois, pela Brigada Militar, sendo transformado, com algumas reformas, no quartel da corporação. Era a farmácia Guarani, de minha propriedade, que fornecia medicamentos para  a corporação e eu ia lá mensalmente para fazer a cobrança. 
Nesses encontros, fiz muitos amigos: o Coronel Licurgo que gostava muito de jogar xadrez, o Coronel Summerval, o Major Pilleta e o Coronel Azambuja. No ano de 1966, fui convidado a me tornar o farmacêutico responsável pela farmácia que pretendiam criar dentro do quartel. Eu seria contratado, recebendo a patente de Capitão. Assim como acontecia com os  médicos contratados para dar atendimento aos membros da corporação. Como não poderia ser responsável por duas farmácias, preferi continuar com a farmácia." Egon lembra bem o trajeto, que fez inúmeras vezes:
"Após passar a ponte seca que era um viaduto na Oswaldo Aranha (o trem passava por cima da ponte, a rua por baixo), eu dobrava à esquerda, na rua Albano Coelho de Souza. Adiante, no início de uma lomba, havia um portão com guardas, pelo qual se entrava no quartel. A escada do edifício era paralela ao prédio, podendo-se subir de um lado e descer pelo outro. 
O campo do América Futebol Club ficava junto ao prédio. Mais tarde foi transferido para o bairro 5 de maio.
O novo quartel da Brigada foi construído perto dali e se chega a ele seguindo adiante pela mesma rua Albano Coelho de Souza, no bairro Progresso."

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