terça-feira, 12 de agosto de 2014

4650 - Um atalho para o desenvolvimento do Vale do Caí

Caminhada - Conhecendo Tupandi a Pé
Em Tupandi, todas as localidades do interior contam com estradas asfaltadas
Vivemos num mundo competitivo e nós brasileiros tivemos uma clara noção disso na Copa do Mundo, com a derrota acachapante que a  nossa seleção sofreu frente à alemã.
Os alemães são muito mais desenvolvidos do que nós. Ou, dito em outras palavras, muito mais competitivos. 
Mas o pior é que eles não são melhores do que nós apenas no futebol. É em quase tudo. Seus carros são melhores, suas estradas também e com a saúde e segurança não é diferente.
Fica difícil competir com eles em qualquer setor, pois são mais cultos e preparados do que a gente. Por isso, se quisermos competir com países desenvolvidos precisamos escolher um tipo de competição no qual tenhamos alguma vantagem.  Por exemplo, a vela ou o vôlei de praia. Como temos muito mais mar do que os países frios, isso nos dá vantagem. Temos mais gente praticando esses esportes e mais dias com condições climáticas favoráveis para treinar.
AGROPECUÁRIA
Na atividade econômica, não é diferente do esporte.
A principal  vantagem que o Brasil tem é a sua grande extensão territorial e o clima tropical. Isso favorece a atividade agropecuária brasileira, inclusive no Vale do Caí.
O que é uma grande vantagem para nós, pois a produção de alimentos, somando o trabalho rural com o industrial, é a mais importante atividade econômica do mundo.
Hoje, a produção de alimentos já é a mais forte atividade da região. Estão aqui as matrizes da Oderich, Agrosul, Naturovos, Agrogen, Ecocitru, Ouro do Sul, Doces Bom Princípio e uma importante filial da JBS Friboi (a antiga Doux/Frangosul). 
Só isso já seria benéfico para o desenvolvimento da região. Mas a maior vantagem do Vale do Caí está no fato dele produzir, também, grande parte da matéria prima dessa indústria.
TUPANDI
No Vale do Caí, o município de Tupandi já atingiu um estágio de desenvolvimento comparável aos dos principais países do primeiro mundo.
É Tupandi que cresceu através, principalmente, da produção primária.  Tupandi, embora pequeno, tem cerca de 500 aviarios e pocilgas produzindo com alta tecnologia e produtividade.
INTEGRAÇÃO
A implantação de tal número de aviários foi possível graças ao empenho e fundamental apoio da administração municipal.  E isso resultou num fenômeno de desenvolvimento que, provavelmente, não tem paralelo no mundo. Em duas décadas, Tupandi saltou de uma renda per capita de 700, equivalente à dos mais pobres países africanos, para 40 mil dólares, equivalente à da Alemanha. O que a Alemanha fez em séculos, Tupandi fez em vinte anos.
PRODUTIVIDADE
Graças à avançada tecnologia que emprega, o aviário ou a pocilga moderna têm altíssima produtividade e rentabilidade.  Eles são conduzidos por famílias, sem necessidade de contratação de funcionários. E o resultado dessa elevada receita e mínima despesa é o enriquecimento familiar.
Os produtores rurais de Tupandi, antes da revolução provocada pela nova avicultura e suinocultura tecnificada,  eram pobres. Não passavam fome porque eles mesmos produziam os seus alimentos.Mas o seu poder aquisitivio era baixíssimo.
Com o aumento da renda no setor rural, desenvolveu-se também o núcleo urbano, com o comércio e serviços.
FÓRMULA EFICAZ
A prefeitura de Tupandi conduziu o processo ajudando simples colonos a construir pavilhões e a obter financiamento bancário. Deu assistência e os encaminhou para o contato com as empresas integradoras (especialmente a Frangosul).
Integradoras, como a Agrosul e a JBS, entregam ao avicultor os pintos e a ração, ficando com o integrado (avicultor) a tarefa de cuidar da criação dos frangos até o ponto de abate. Com grande investimento em tecnologia, elas produzem tanto os pintos como a ração com altíssima qualidade e o resultado é uma produtividade extraordinária: carne de alta qualidade produzida em curto espaço de tempo com custos reduzidos. Um produto competitivo no mercado internacional.
RETORNO DE ICMS
A produção agropecuária é incentivada pelos governos. Ela gera um retorno de ICMS 2,7 vezes maior que o dos outros setores produtivos.
Além disso, a produção que ocorre dentro do regime de integração caracteriza-se pela formalidade.  São emitidas notas fiscais de tudo que é produzido. Por isso, valor adicionado do município aumenta muito e  o retorno de ICMS recebido pelas prefeituras é enorme.
Alta produtividade somada a emissão total de nota e ainda multiplicada por 2,7 faz com que a prefeitura tenha um retorno de dinheiro muito grande e, com isso, possa investir no apoio aos produtores (asfaltando as estradas municipais e estendendo redes de energia trifásica no interior, por exemplo). Além de proporcionar grandes benefícios para a população.
MODELO A SEGUIR
O sucesso obtido até aqui pelos municípios do Vale do Caí se deveu a essa estratégia desenvolvida, primeiramente, pela prefeitura de Tupandi (arquitetada e conduzida pelo prefeito Hilário Junges) e copiada por vários outros municípios.
A fórmula é tão boa que merece ser desenvolvida em âmbito regional. Por isso, a AMVARC, presidida por Alzir Bach, está empenhada agora em buscar novas formas de levar aos demais municípios a mecânica de desenvolvimento  criada por Tupandi. Além de buscar novas formas de impulsionar o desenvolvimento regional, sem abandonar o foco no grande filão que é a produção agroindustrial de alimentos. Para tanto, técnicos da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) estão projetando uma estratégia que resultará na criação do Arranjo Produtivo Local centrado na produção de alimentos: APL Alimentos do Vale do Caí.  Projeto que deverá impulsionar a ideia do Cluster Agroindustrial de Alimentos do Vale do Caí, que já vem sendo desenvolvida há alguns anos.

Matéria publicada no jornal Fato Novo - Foto do jornal Primeira Página

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