sábado, 20 de dezembro de 2014

5048 - O Caí em 1929



O Caí, no final do século XIX, era uma cidade muito rica e próspera. Era uma das mais importantes do estado. Esse destaque se deveu ao seu porto, no rio Caí, pelo qual era escoada a produção das principais colônias alemãs do Vale do Caí. Por volta de 1990 o Caí era a maior cidade do noroeste gaúcho. Mais rica do que Montenegro, Bento Gonçalves e Caxias do Sul. O Vale do Caí era uma das regiões agrícolas mais importantes do país. O feijão ali produzido abastecia o mercado brasileiro e a banha era exportada até para outros continentes. Além disso, a colônia italiana se desenvolveu muito  no final daquele século. Tanto pela agricultura como pela indústria. Os italianos, vindos para o Brasil a partir de 1975, traziam de seu país tecnologia avançada para os padrões brasileiros. Como os italianos chegaram a partir da década de 1970, tinham mais conhecimento tecnológico do que os alemães vindos para cá a partir da década de 1820. Quem, na Itália, era operário, chegando aqui abria uma pequena indústria e algumas delas prosperaram muito.
Essa fase áurea da cidade começou a declinar apenas em 1911, quando foi construída a ferrovia ligando Caxias a Porto Alegre. O que fez diminuir o movimento no porto caiense.
IMPORTANTE, MAS PEQUENA
Como se vê na foto acima, apesar da sua importância, o Caí do início do século XX era muito menor do que o atual. Ela foi feita do alto do Morro do Hospital, numa época em que o hospital ainda não existia: no ano de 1929.
A rua Coronel Guimarães é a primeira que se vê, no lado esquerdo da foto. Note-se que ela só se define claramente como rua perto da igreja luterana. O que reflete uma situação da época. A cidade era voltada para o porto, a principal fonte de riqueza  local. É curioso notar que, bem no final dessa rua nota-se a existência de um prédio. Intriga o fato dele estar na linha da rua. Como pode?
A resposta é símples: esse prédio ficava no outro lado do rio. Aliás, ele ainda fica lá, pois esse prédio ainda está lá. Passa-se em frente a ele quando se vai, atualmente, do Caí a Montenegro. O prédio está desativado, mas ainda se pode ler, na fachada, o nome da empresa que ali funcionou: Gustavo Rubenich & Filho. Os barcos, antigamente, aportavam  também no outro lado do rio, mesmo sem existir um cais e havia ali uma importante atividade comercial.
A segunda rua, da esquerda para a direita, é a Pinheiro Machado. Rua  muito importante porque era a rua da barca. No início dela existia a barca que permitia a travessia de carretas, tropas de animais, pedestres, cavaleiros e, mais tarde, automóveis, caminhões e ônibus. A barca funcionou ali até o ano de 1970, quando foram construídas as pontes estreitas, ainda em uso. Devido ao fluxo que tinha essa rua, pode se notar que havia bem mais prédios construídos nela do que na rua Coronel Paulino. O mais importante e imponente é o da velha prefeitura, na esquina com a rua Marechal Floriano. Prédio ainda preservado e aguardando restauração.
Importante, também, era a rua Tiradentes (na época chamada de rua da Praia), que iniciava junto ao cais do porto. Mas essa não aparece na foto.
Impressionante é notar como eram poucas as construções naquela que foi, mais tarde, a principal  rua comercial do Caí: a Marechal Deodoro. Observa-se que a cidade praticamente terminava naquela rua. 
Em torno da praça já existiam várias casas, algumas das quais ainda existem e outras existiram até algumas décadas atrás.
Nota-se, por essa foto, que o Cai cresceu muitíssimo de 1929 para cá. Mesmo que ele não tenha, hoje, a importância  econômica  que chegou a ter no passado.




Fotos do acervo de Mário Glaeser e do Google Earth

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