terça-feira, 24 de abril de 2018

5370 - História de Harmonia

Parque Central de Harmonia, em abril de 2018, 
na fase inicial da sua implantação

Foi do agrimensor Ernesto Müzell a atribuição de medir as terras, a pedido e ordem de Juca Teixeira. Para vendê-las, confiou a tarefa aos primeiros moradores, Pedro Kuhn e Pedro Heck. Pedro Heck, foi vereador em Montenegro, quando da instalação da primeira Câmara Municipal, em 1873. As outras etnias que completam a a comunidade, lusa ou italiana, se integram perfeitamente.

Apesar do solo fértil, o clima diferente prejudicou em muito a formação da agricultura. Até os imigrantes se adaptarem completamente, demandou longo tempo, de muitas dificuldades, provações e privações. Com fé, trabalho e persistência, chegaram até os dias de hoje. O nome Harmonia surgiu dos momentos de integração comunitária, onde os imigrantes reuniam-se para conversar e cantar as canções trazidas da sua terra de origem e, assim, diminuir as saudades causadas pela distância e pelo tempo longe do seu país, a Alemanha.

Harmonia se tornou 3º distrito de Montenegro por Ato do Conselho Municipal Constituinte, em 23 de agosto de 1892, que aprovou a Lei Orgânica do município de Montenegro, sendo o 1º subprefeito Mathias Welter. Em 1897, houve um remanejamento de distritos, permanecendo Harmonia como 3º distrito pelo Ato Municipal nº 4, de 11 de junho daquele ano. Em abril de 1939, vieram o engenheiro e funcionários da Prefeitura, para medirem as ruas, com a finalidade de formar o núcleo da futura vila.

A independência política e administrativa chegou após incessantes lutas, iniciadas em 1981, com uma Comissão de Emancipação, tendo como presidente Guido José Scherer. Não obteve êxito. A lei não favorecia. O perímetro urbano deveria ter 200 casas. Não havia esse número. A Câmara Municipal de Montenegro teria que aprovar uma nova lei, o que não ocorreu. O processo foi encaminhado, ficou na Assembleia Legislativa, foi apreciado e não aprovado, pois não preenchia os requisitos. Era presidente da Comissão de Justiça o deputado Nivaldo Soares.

Nova tentativa foi posta em execução no ano de 1985, já com outras normas e exigências. Como presidente da Comissão Emancipacionista estava o professor Augusto João Gewehr. Cabe ressaltar que, nas duas comissões, houve a dedicação, empenho e solidariedade de diversas pessoas da comunidade, que se uniram em mutirão e anonimamente contribuíram. O reconhecimento da comunidade ainda é externado, a todos os colaboradores, nos dias de hoje.

Em plebiscito de 20 de dezembro de 1987, se obteve a vitória do SIM. A emancipação, porém, só aconteceu efetivamente em 13 de abril de 1988, pela Lei nº 8.562, emanada do governador Pedro Simon. As festividades e comemorações foram muitas. O 1º prefeito eleito, Edgar Roberto Fink, teve como vice Roque Edvino Kuhn, de 1989 até 1992.

São marcantes na população os traços da imigração alemã, representadas nas características físicas, idiomas e comportamento. Fazem parte do município as localidades: Nova Santa Cruz, Saudades, São Benedito, Morro Azul, Vila Floresta, Morro Peixoto, Morro Santo Antonio, Vila Rica, Morro do Cedro, Matiel e a sede.

A história do município de Harmonia está relacionada com o processo de colonização do Estado do Rio Grande do Sul. A expansão da colonização alemã, segundo afirma o padre Bruno Metzen S.J., em publicação de 2000, iniciou-se a partir do ano de 1847, quando os colonos organizados iniciavam povoamentos em diferentes regiões do Estado, principalmente no Vale do Caí.

A história registra que José Inácio Teixeira (o lendário Juca Teixeira), filho de um marinheiro holandês e uma brasileira, era proprietário das terras conhecidas atualmente sob os nomes de Pareci, Harmonia e São Salvador (hoje Tupandi), também conhecida como Fazenda Pareci. Juca Inácio, na maior parte do tempo, residia em Pareci Novo, no local onde se encontra o atual prédio do antigo Seminário dos Jesuítas e cujos descendentes ainda possuem terras entre Pareci Velho e a antiga Estação Azevedo (hoje Capela de Santana).

Segundo a história de Harmonia, as primeiras famílias, vindas de São José Hortêncio, estabeleceram-se por volta de 1855. Estas famílias inicialmente foram recrutadas por Peter Kuhn e Peter Heck (primeiros moradores), quando teriam oficialmente fundado a comunidade de Harmonia. Essas famílias se estabeleceram na localidade de São Benedito, porque Harmonia pertencia à paróquia de São Salvador (Tupandi). Uma das atividades mais desenvolvidas nessa comunidade foi o trabalho na terra, sendo a citricultura a principal fonte de subsistência.

A partir dos primeiros anos de colonização da região, os agricultores perceberam que a terra e o clima eram próprios para a produção de frutas cítricas. Ao longo dos anos, nas proximidades do rio Caí, foram cultivadas laranjas, bergamotas, limões e outras frutas, iniciando, assim, a comercialização para centros maiores. O comércio e a produção de frutas tornaram-se atrativas pelo retorno econômico auferido. A operação de transporte era feita pelo rio Caí, que ainda era navegável por barcos a vapor. Esse comércio permaneceu até a década de 50, vindo a enfraquecer pelo surgimento das rodovias e o agravamento das dificuldades com a navegação fluvial.

Além da citricultura, a produção industrial também se destaca no município. As primeiras indústrias, ainda em estilo medieval, foram os moinhos de cereais. Entre os anos de 1920 a 1940, novas indústrias foram surgindo. No início da década de trinta, a criação de porcos passou a ser uma das atividades mais desenvolvidas em Harmonia e na região. Sua produção visava abastecer os frigoríficos do Oderich, em São Sebastião do Caí, e do Renner, em Montenegro. O transporte na época era feito em carretas, puxadas por bois com até seis juntas ou parelhas, em virtude das péssimas condições, demorando uns dois dias para ir e voltar a Montenegro.

Dessa atividade e a partir da necessidade, nasceu a primeira indústria de porte em Harmonia. A atual Cooperativa dos Suinocultores do Caí Superior Ltda, que teria como objetivo primeiro a industrialização de suínos de seus associados, surgiu pelo padre Theodor Amstad, alemão de nascença, com a participação de 38 associados fundadores. Iniciou em 1935, tendo como primeiro presidente o senhor Miguel Menz, também alemão. Com o início da criação de suínos, houve o gradual enfraquecimento da citricultura, que, em pouco tempo, passou a ser insignificante.

Porém, no final da década de 50, alguns agricultores da região intensificaram a produção de frutas cítricas, visto que moravam em terras mais arenosas, não tão propícias para a produção de milho, principal alimento dos suínos. O cultivo da citricultura volta então a se destacar, com ênfase para a bergamota e a laranja. Já no início da década de 60, grandes plantações de arvoredos eram cultivadas, sendo que sua produção em escala comercial contagiou a população rural.

A economia de Harmonia tem sua base na agricultura, hoje com grandes dificuldades em função da proliferação de muitas doenças e pragas nas plantas. Mesmo assim, constitui parcela significativa da base econômica. Ao lado do setor primário, destaca-se a criação integrada de suínos e aves, além da produção de ovos comerciais e de matrizes. Na área industrial, têm participação efetiva os embutidos Ouro do Sul, fábricas de calçados, móveis, bebidas, brinquedos e outros manufaturados.

Pesquisa e texto: Professora Luciana Bossel Becker, com o histórico do município de Harmonia, poroduzido pela Escola Municipal de Ensino Fundamental Castro Alves, de Nova Santa Cruz.

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