No seu terceiro mandato de prefeito (que foi de 1º de fevereiro de 1973 a 31 de janeiro de 1977), o doutor Bruno Cassel se empenhou em atrair empresas para o município. Em 1975, ele conseguiu a vinda de uma indústria que foi fundamental para o desenvolvimento caiense nas décadas seguintes: a fábrica de calçados Eran. Tratava-se de uma empresa francesa que, com o apoio da prefeitura, veio se instalar no Caí. Coube a Antônio Haddad implantar a indústria, desde a sua implantação até a construção das instalações próprias, no bairro Vila Rica. Ele trabalhou na empresa até deixá-la para abrir uma filial da empresa Fasolo e, depois, uma empresa própria, a Aurora, em prédio construído no bairro Conceição. Foi o construtor dos prédios que depois foram usados pela fábrica Azaléia no Caí. Hoje os prédios que ele construiu são usados pela Conservas Oderich (no bairro Vila Rica), Delta Frio e Metalúrgica Lorscheiter.
O caiense Zenon Koch da Silva também teve participação destacada na administração da Eran, principalmente após a saída de Antônio Haddad.
Inicialmente a Eran funcionou num pavilhão do Parque Centenário, cedido pela prefeitura. O que impossibilitou a realização da Festa da Bergamota por algum tempo. Depois a prefeitura doou uma área com frente para a avenida Osvaldo Aranha, para que a Eran construísse suas próprias instalações. A Eran detinha a tecnologia de produção de caçados com solado injetado, o que lhe permitiu um bom desenvolvimento inicial. Mais tarde houve o desinteresse da empresa em continuar suas atividades no Brasil e a fábrica do Caí foi vendida para o curtume Vachi, que deu continuidade à indústria, mas sem muito sucesso. Por fim, a fábrica foi adquirida pela Azaléia (já em meados da década de 80) e teve, então, um extraordinário desenvolvimento. A Azaléia, por algum tempo, tornou-se a maior indústria de todo o Vale do Caí. Até que, em meados da década de 90 começou a enfraquecer-se devido à crise do calçado gaúcho.
Quando surgiu a Eran no Caí, Bernardo Costa já tinha filhos adolescentes e ele sentia a necessidade de que surgissem mais empresas na cidade para dar emprego aos jovens. Por isso empenhou-se em ajudar no que podia para que a empresa vingasse. E ele colaborau para isso em dois momentos.
A primeira coisa que a Eran fez ao chegar ao Caí foi a inscrição de pessoas interessadas em trabalhar na empresa. Isto foi feito na prefeitura, numa sala do segundo piso do prédio em que funciona hoje a secretaria da fazenda. Centenas de inscrições foram realizadas.
Quando chegou a hora da empresa começar suas atividades, foi necessário chamar as pessoas selecionadas para se apresentarem ao trabalho. Como o Correio não levava correspondência para os bairros mais afastados do centro da cidade, Valdemar Variani sugeriu ao doutor Cassel que Bernardo fizesse a entrega das cartas de convocação dos inscritos para se apresentarem ao trabalho. Quem se lembrou de usar o serviço de Bernardo para essa tarefa foi Valdemar Variani, proprietário da churrascaria Variani, que tinha interesse na prosperidade do município. Bernardo entregou mais de cem cartas e não pediu nada pela execução desse trabalho. Sua recompensa seria a oportunidade de emprego que a nova empresa proporcionaria aos seus filhos. E, de fato, isto aconteceu. Os filhos José Luis, Lúcia Maria, Madalena e Maristela trabalharam na fábrica da Eran. Lúcia Maria foi escolhida operária padrão e trabalhou depois na Vachi e na Azaléia, complentando quase 30 anos de trabalho. Madalena trabalha ainda hoje na fábrica Azaléia de Portão.
Mais tarde, quando a empresa se desenvolveu, o pavilhão do Parque Centenário foi se tornando pequeno. Houve, então, a necessidade de construir as instalações próprias da empresa, na área que foi doada para a prefeitura. E o doutor Cassel apelou novamente para Bernardo. Engenheiros mandados da França pela Eran para construir os prédios da fábrica já estavam no Caí, hospedados no hotel Variani, e a terraplanagem do terreno não estava pronta.
Cantarola era o chefe de obras. Mas Bernardo, com a sua larga convivência com o pessoal do setor de obras devido às orientações que ele costumava lhes dar quanto a reparos que precisavam ser feitos nas ruas e estradas, tinha mais experiência do assunto. E o doutor lhe pediu, então, que acompanhasse o trabalho dos funcionários da prefeitura, orientando a execução da terraplanagem. O equipamento da prefeitura era muito precário e a obra de terraplanagem demorava muito. Bernardo temia que a Eran desistisse do Caí e fosse se instalar em outro município. Aconteceu, então, da patrola da prefeitura estragar e ele teve de insistir muito, na prefeitura, para conseguir que o conserto fosse providenciado logo e a obra pudesse continuar.
A diretora da escola Josefina Jacques Noronha, que ficava ao lado do terreno destinado à Eran, falou ao Bernardo da necessidade de entulhar um poço que havia no terreno da escola e oferecia perigo para as crianças. Naquela época, a Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN) ia levando água para as casas com a extensão da sua rede de abastecimento. Com isso, antigos poços que antes serviam para suprir as necessidades das famílias ficavam abandonados, tornando-se inúteis e perigosos. E Bernardo orientou os operadores de máquinas da prefeitura para fechar o poço.
O patroleiro Chiquinho era amigo de Bernardo e os dois costumavam conversar. Chiquinho apelava para ele para que fossem resolvidos problemas que atrapalhavam a execução do seu trabalho.
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