O Doutor Cassel, grande personalidade caiense, era estimado como médico e imbatível como candidato a prefeito
No período em que andou entusiasmado com a política e a possibilidade de eleger-se vereador, Bernardo passou a tomar atitudes mais ousadas, como a de ir até a RBS, em Porto Alegre, para denunciar o abandono das obras na escola Josefina Jacques Noronha. O prédio inacabado havia sido ocupado por pessoas vindas de Giruá. A prefeitura tinha um caminhão que era usado para fazer mudanças, trazendo famílias para morar ali e no Loteamento Popular. Bernardo não teve receio de denunciar aquilo que ele considerava estar sendo feito errado pela administração municipal, pois entendia que trazer famílias de lugares distantes para morar no Caí tinha propósitos eleitoreiros e era ruim para o município.
O doutor Cassel era o prefeito nessa época e, mesmo discordando dele nesse aspecto, Bernardo admirava o doutor Cassel e era seu amigo. Considerava que o prefeito era um médico extraordinário, principalmente pela sua disposição de ajudar os pobres. Mas considerava que ele não devia se meter na política.
Mesmo assim o doutor Bruno Cassel fez coisas importantes para o desenvolvimento do município. E naquilo que o doutor fazia de bom, Bernardo ajudava. O Doutor era da ARENA e Bernardo do MDB, mas para ele o bem da comunidade estava acima de diferenças políticas.
Como padeiro, Bernardo percorria todas as ruas e estradas do Caí e arredores e, com isso, tinha um conhecimento detalhado do seu estado. Costumava avisar o responsável pelo setor de obras quando estava para acontecer uma festa no interior, para que fosse arrumada a estrada que levava a esta localidade.
Ele costumava comunicar, também, à secretaria de obras do município os problemas que encontrava nas estradas (que na época eram péssimas). Depois de uma chuva forte, os estragos eram grandes e Bernardo tratava de avisar os responsáveis para que providenciassem os consertos em boieiros e buracos. Ele fazia isto tanto nas administrações de Heitor Selbach, que era do seu partido, como nas do seu oposicionista (e amigo) Doutor Cassel. E, com o conhecimento que foi adquirindo, Bernardo também fazia sugestões de mostrar como resolver os problemas das estradas. Suas opiniões, como eram justas e úteis, eram acatadas pelos prefeitos e pelos funcionários. Com o tempo, Bernardo não precisava mais falar com o prefeito. Conversava diretamente com os funcionários, que tinham autorização para atender às suas indicações. Bernardo alertava, também, quanto à limpeza que precisava ser feita nas ruas da cidade, principalmente quanto ao inço chamado cebolinha, que crescia entre as pedras do calçamento das ruas. Naquela época, devido ao pequeno movimento de veículos, o crescimento do inço era intenso e a prefeitura precisava manter uma equipe de funcionários para combater o problema.
Essa colaboração de Bernardo acontecia tanto nos governos do doutor Cassel, como nos de Heitor Selbach, do MDB. Esses dois prefeitos se alternaram no governo caiense por um longo período (desde 1º de janeiro de 1964 até 31 de dezembro de 1988). Nesse período todo, Bernardo foi um colaborador dos prefeitos.
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