Recuando no tempo, voltemos ao final dos anos 50.
Solteiro, trabalhador com carteira assinada, comunicativo, sabendo dançar bem e, inclusive, falando alemão, Bernardo tinha facilidade para arranjar namorada. Quando ia num baile, procurava dançar com várias moças, inclusive as mais humildes. Dançava também com as mais bonitas e socialmente melhor situadas. Inclusive com as de origem alemã que, de modo geral, pertenciam a um nível social superior. Quando o rapaz de origem lusa sabia falar o alemão (mesmo que precariamente) era bem melhor aceito pelas famílias de origem alemã. Em parte isso se devia a uma certa insegurança das pessoas de origem alemã que não sabiam se expressar bem em português e sentiam vergonha por isto.
Com isso ele arranjou vários namoricos. Em cada localidade onde ele ia a bailes, arrumava alguma namorada e costumava, inclusive, visitá-las nos finais de semana ou nos dias do kerb das respectivas localidades. Teve relações assim com moças de Ramiz Galvão (estação ferroviária situada perto de Rio Pardo), Porto Alegre, Tupandi e Alto Feliz, entre outras. Costumava se corresponder com essas jovens.
Mas a sua vida de namorador terminou em 1956, quando Bernardo começou um relacionamento firme com a caiense Brunilda Krindges. Uma moça bonita, com a qual costumava dançar nos bailes. Ela era filha do carpinteiro Aloísio Krindges, que morava na Vila Rica, na estrada que hoje tornou-se a rua Omiro Ledur.
O namoro começou numa dança, à tarde, no salão do seu Podalírio, defronte à casa comercial de Wily Weber, no subúrbio de Boa Vista (hoje conhecido como Chapadão Baixo. Ali a dança acontecia à tarde e Brunilda comparecia acompanhada dos pais. Seu Luis conhecia Bernardo e, ao final da festa convidou-o para acompanhá-los.
- Qué i junto? - perguntou o futuro sogro.
Bernardo perguntou à moça se ela queria que ele fosse e ela respondeu.
- Tu que sabe.
O que Bernardo encarou como palavras animadoras. E foi. Ele tinha, então, 22 anos e ela 18.
Foi o começo de um namoro sério e Bernardo escreveu para suas namoradas pedindo que não lhe mandassem mais cartas. Nas cartas, ele alegava que estava se mudando para o Norte.
A mãe de Brunilda, dona Josefina, era de origem portuguesa. Seu sobrenome de solteira era Caetano.
Os pais de Brunilda conheciam Bernardo há tempo e não fizeram objeção ao namoro, que evoluiu. E logo surgiu a idéia do casamento.
Seu Luís estava construindo uma casa grande para a sua família e disse a Bernardo:
- Olha. Se tu tivé algum interesse de casar com a Brunilda, casa tem aqui.
Bernardo agradeceu, mas disse que morar junto não dava certo.
Falou então com a namorada:
- Já que o teu pai falou, caso tu tenha interesse numa coisa séria - pra toda a vida - nós podemos casar.
Ela pediu uns dias para pensar e, finalmente, respondeu:
- É séria, então, a tua proposta?
- Sim - confirmou Bernardo. - Tem que ser como o padre diz no casamento: pras coisas boas e pras coisas ruins. E quero família (ou seja, filhos). A família tu vai cuidar dentro de casa e eu vou cuidar do meu trabalho na rua, pros filhos não passarem fome nem tristeza.
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