domingo, 22 de agosto de 2010

954- A infância no Quilombo

Tropas de suínos eram conduzidas, por homens a pé, pelas atuais ruas Esperanto e São João, até o frigorífico da Oderich

Bernardino nasceu na localidade de Chapadão, próxima à cidade de São Sebastião do Caí, no dia 21 de maio de 1933. Seu avô se chamava Januário Flores e foi proprietário de uma área de terras com cerca de 20 hectares, na mesma localidade de Chapadão. A avó se chamava Florência Elias Flores.
Foi nas terras dos avós que Bernardino nasceu. Sua mãe, Rosalina de Oliveira Flores, voltou à casa dos pais para dar à luz. Mas não foi lá que o menino cresceu. Seus pais viviam no bairro caiense de Quilombo, numa modesta casa alugada da atual rua Bento Gonçalves. O pai se chamava Olímpio José da Costa e era natural da localidade (hoje bairro) chamada Conceição. Naquela época, Olímpio trabalhava para a fábrica Oderich, que na época se chamava Frigorífico Sul Brasileiro. Sua função era a de tropeiro de porcos. Junto com outros companheiros ele conduzia tropas de suínos que desembarcavam na estação ferroviária de Capela de Santana e de lá eram conduzidos, pela estrada, até a fábrica no Caí. A tarefa era cumprida por quatro ou cinco tropeiros que se deslocavam a pé. Diferentemente dos tropeiros de gado, que andavam a cavalo e formavam outra equipe de funcionários do frigorífico.
Olímpio Costa morreu em 1971, no Chapadão, e não chegou a assistir televisão. Bernardo lembra que seu pai lhe falava de um livro antigo que ele havia lido e no qual constava que - no futuro - as pessoas poderiam falar com outras à distância. Isto ele chegou a ver, com o telefone. O livro previa, também, que haveria um aparelho no qual se poderia ver o que acontecia no outro lado do mundo. Mas esse ele achava que não iria alcançar. Alcançou. Mas, velho e pobre, vivendo no Chapadão (hoje praticamente um bairro caiense) não chegou a conhecer a televisão. Constava no livro, também, que o mundo não passaria do ano 2.000.
Entre as lembranças que Bernardino guarda da sua infância, vivida no bairro Quilombo, está a do apito da fábrica, que era acionado às 6 horas e 45 minutos da manhã. Quinze minutos antes da hora da “pegada”.
Lembra também que Aluísio de Moraes Fortes, caiense influente que chegou a ser prefeito municipal, tinha uma propriedade nas vizinhanças da sua casa e que nela caienses de famílias ricas se dedicavam à prática do golfe. Essa propriedade é a mesma em que o juiz trabalhista Carlos Henrique Blauth e sua esposa Maria Fortes Blauth (filha de Aluísio) residiram por muitos anos.
Outra lembrança é a da escola do Quilombo, situada na mesma rua Bento Gonçalves, na qual lecionava a professora Cenira Blauth. Ela, que era irmã do empresário Helmuth Blauth (criador da Empresa Caiense de Ônibus e do Cine Aloma), vinha a pé, do centro da cidade, para dar suas aulas para um grupo de aproximadamente 30 alunos. Entre os quais, irmãos mais velhos de Bernardino.
Bernardino teve os seguintes irmãos, pela ordem de idade: Celina de Mello, Zenilda Flores e Pedro Diversino (mais velhos do que ele), Cenira Costa e Jurema Jacomel (mais novos).

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