Ontem e hoje
O professor "subversivo" que agitava o Caí na década de 1970, hoje é autoridade: secretário estadual da educação
Nascido em 1945, José Clóvis Azevedo tinha 28 anos quando começou a lecionar na Escola Normal de São Sebastião do Caí. Ele foi professor de história naquele colégio nos anos de 1973 a 1978 e conseguiu cativar osalunos com o seu modo de lecionar e de se relacionar com os eles.
O método de ensino era avançado para a época. Ao invés de utilizar livros didáticos convencionais, o professor formava grupos para pesquisa e promovia debates na sala de aula. Além disso ele incentivou seus alunos a editar um jornalzinho impresso em mimeógrafo (copiadora primitiva) que circulava entre os alunos.
José Clóvis era engajado na oposição ao regime militar da época e contagiava seus alunos.
Jovem ainda, ele participou da criação do setor jovem do MDB (partido de oposição ao regime militar) no Caí e muitos dos seus alunos o acompanharam nesta participação política. Entre esses, Marcos Fuhr, Gilson Andrade, Júlio Campani, Jucelino Nunes e Pio Dresch.
Em 1976, por inspiração do professor Zé Clóvis (como era chamado pelos alunos), os grêmios estudantis das escolas caienses promoveram um debate entre os candidatos a prefeito. O Cine Aloma ficou lotado pelo público interessado em conhecer as propostas dos candidatos (Heitor Selbach, Joir Silva e Luceval Rodrigues da Silva, pelo MDB e, pela ARENA, o principal candidato foi Mário Leão).
Em 1978, o professor estimulou os seus alunos companheiros de MDB jovem a apoiar a candidatura de Américo Copetti, que se elegeu com o apoio da juventude emedebista. Para isso, foi organizado um grande comício, também no Cine Aloma. Vieram outros candidatos a deputado e, inclusive, o candidato a senador Pedro Simon. Simon, que falava no horário político da TV de forma incisiva, combatendo o regime ditatorial que imperava na época, foi a grande atração e o grande cinema ficou superlotado. Marcos Fuhr, líder do grupo de estudantes, também se destacou fazendo um discurso inflamado e contundente na condenação ao regime.
Marcos destacou-se mais tarde, e ainda hoje, como dirigente do Sindicato de Professores do Ensino Privado (SIMPRO-RS).
Além disso, o professor trouxe para o Caí um grupo musical chamado Os Tapes. Músicos alinhados com as idéias esquerdistas, que se interessavam mais por política do que pelo dinheiro do cachê. Os estudantes correligionários do professor Zé Clóvis organizaram vários shows do conjunto no Cine Aloma.
Desta forma, o professor Zé Clóvis agradava os alunos, que se entiam realizados ao estar participando tão ativamente da vida política e cultural da cidade. Mas não agradava aos políticos da ARENA, que o viam como um subversivo, que estava virando a cabeça dos jovens.
Hoje, o professor Zé Clóvis é tratado com mais deferência. Alguns o chamam de professor doutor José Clóvis Azevedo. Nome mais adequado, ainda mais agora que ele assumiu o cargo de secretário estadual da educação.
Caro Renato Klein
ResponderExcluirParabéns ao professor Zé Clovis e a nossa São Sebastião do Caí. Peço licença para utilizar tua postagem no meu blog onde faço alguns comentários. Um abraço.
Gilnei Andrade - www.gilneiandrade.blogspot.com
Uma pena que tudo isso tornou-se o contrário do que ele condenava, foi um dirigente do Cpers, e ainda incentivava os alunos á combaterem o regime, pois uma amiga minha era aluna dele e o incentivo á protestos! Hoje ele persegue junto com o (Des)Governador Tarso Genro os movimentos Sindicais principalmente o dos educadores e oprime qualquer protesto ou reivindicação da categoria!
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