Forma e régua que eram usadas para fazer tijolos, um a um
Casa em que morou Guilherme Winter (a da direita)
As casas dos primeiros colonizadores eram feitas de quatro estacas cravadas no chão, sendo as paredes fechadas com galharia de árvores e um “reboco” de barro amassado. O telhado, bastante rudimentar, utilizava capim. Cipós faziam às vezes dos pregos e assim se vivia de maneira improvisada. Essas eram as choupanas que antes mencionamos.
Anos após as casas passaram a ser feitas de madeira – que era cortada a machado e utilizada até mesmo para a feitura do telhado. Depois ainda, com a exploração da pedra de areia a partir dos morros da região, a chamada Sandstein, os colonos podiam fazer melhores residências, mas a dificuldade de extração deixava o trabalho muito demorado e difícil. Era necessário algo mais prático e fácil.
Quando iniciou o namoro com Bertha Lermen, Pedro Winter Filho – neto de Guilherme Winter (fundador de Bom Princípio)– sonhou com uma casa diferente, a partir de cerâmica. Foi aí que tudo começou. Era por volta de 1915.
O processo de fabricação de tijolos era tão lento que não foi possível concluir a casa (na localidade de Santa Lúcia, em Bom Princípio) antes do casamento. O serviço era realizado nas horas de folga, sendo que o barro era colocado em caixinhas de madeira que depois ficavam ao sol. Após esta secagem prévia os tijolos eram queimados em fornos parecidos com os que assavam pão. Não se conseguia produzir mais do que 50 ou 60 tijolos por semana. Lá por 1920 foi concluída a residência de Winter Filho, que passou a receber pedidos de tijolos para construção de novas moradias no mesmo estilo. Assim a produção teve de ser aumentada.
Escravos libertos no final do século XIX vinha procurar trabalho pois estavam desempregados e não tinham como sustentar a si mesmos, muito menos às suas famílias. Foi o caso de Angelim, Antonic e Schwartz Maria. E eles foram a mão de obra que impulsionou o progresso da empresa. Salário não existia, pois eles se davam por satisfeitos em ter comida, moradia e roupas. Nos domingos os negros dançavam e cantavam, bebendo a cachaça, numa festa em que branco nenhum entrava.
Em 1942 a Olaria Winter passou para os filhos Anselmo e Armindo, mas o ritmo de evolução era o mesmo. Só em 1948, com a chegada do motor a diesel, o processo foi acelerado. O grande “boom” ocorreu em 1957, quando o Cônego Alfredo Caspary, de São Vendelino fez a encomenda de 170 mil tijolos para que fosse erguida a Igreja Matriz. Com o dinheiro foi comprado um caminhão - raridade na época - pois se fosse para levar os tijolos de carroça seriam necessários muitos meses. Seriam necessárias mais de 400 viagens até São Vendelino para entregar o pedido. A Igreja Matriz de São Vendelino viria a ser concluída muitos anos depois.
A família de Armindo continua tocando o negócio até hoje, sendo a própria Marlene Winter Seidl, que relatou a história da empresa a nós.
Foi com este empreendedorismo de Guilherme, de seus contemporâneos e de seus descendentes que Bom Princípio alcançou o sucesso dos dias atuais.
Progresso e qualidade de vida chegaram, e não foi de graça.
Depois da emancipação, em 1982, Bom Princípio deu um verdadeiro salto, figurando entre os municípios mais desenvolvidos de todo país. Eis novo resultado do trabalho e do empreendedorismo local.
Texto de Alex Steffen
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