O positivismo influenciava as decisões de governantes como Júlio de Castilhos |
Isto se pode dizer do comunismo russo e do chinês, tanto como do nazismo e do fascismo.
E, talvez, se possa dizer o mesmo da Revolução Francesa que, mesmo sendo inspirada em nobres ideais, chegando ao poder abusou dele impondo uma perseguição cruel aos adversários.
Dentro desta ótica, para se compreender a política gaúcha das primeiras décadas desse século, há de se levar em conta um ismo cujos adeptos dominaram o estado nas primeiras décadas do século XX.
Adeptos do positivismo, pessoas que se consideravam informadas, a doutrina criada por Auguste Conte era verdade absoluta. Como acontece nas religiões. Não admitindo contestação aos seus dogmas. O que, pelo menos na política, é uma pretensão absurda e catastrófica. Milhões morreram por isso na Alemanha, na Rússia e na China. As religiões, ao provocarem guerras, também tiveram esse efeito. Mas isso, no mundo ocidental, ocorreu em somente em eras mais remotas.
No Rio Grande do Sul, governantes como Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros também se tornaram autoritários e esmagaram seus opositores usando métodos condenáveis. Produto do apego à doutrina, maior do que o à verdade.
Eles venciam as eleições apelando para a fraude e as ameaças. E achavam isso justificável, pois acima de tudo estava a vitória das forças que defendiam a doutrina. Isso justificava tudo.
Dentro deste contexto, aconteceu um dos episódios mais épicos e memoráveis da história caiense. A vitória de Egydio Michaelsen contra o partido governista, na eleição municipal acontecida em 1935.
Um indício do quanto o positivismo influía na mentalidade dos governistas na época do castilhismo, é exposta por Renato Mendonça no livro Hospital Schlatter.
Consta ali que o médico Gabriel Schlatter, recém chegado da Áustria, tentou convencer o governo a combater o grave problema da mortalidade de mulheres por ocasião do parto. Sabendo que a principal causa era a falta de higiene dos médicos e parteiras que assistiam as mulheres nessas ocasiões, ele se propôs a difundir este conhecimento entre aqueles profissionais. Não teve apoio. Isso porque "os positivistas não acreditavam na existência de bactérias e outros microorganismos que não se podia ver".
O apego a uma doutrina, que nunca será detentora de toda a verdade, leva as pessoas à ignorância e ao erro.
Dentro desta ótica é que entendemos o trabalho realizado nesse blog. Acreditamos que nada do que é escrito aqui é verdade absoluta. Sabemos que existem muitos erros nas nossas informações e análises. Estamos abertos a fazer correções e dar expressão a opiniões divergentes. Entendemos as contestações como enriquecedoras. E quando nossos erros são apontados encaramos estes apontamentos como preciosas colaborações. Não desejamos que se crie um historiasdovaledocaíismo.
O comentário abaixo, escrito pelo professor Daniel Spolier, mostra o que estamos propondo. Não fazemos censura sobre os comentários. A expressão de pensamento e de opinião é livre. No entanto, já houve um caso em que deletamos um comentário, em tom raivoso, contendo ofensas e acusações graves contra pessoas da comunidade valedocaiense.
Amigo Renato!
ResponderExcluirAlgumas considerações acerca de castilhismos e afins.
1. A vitória de Egydio Michaelsen nas eleições de 1935 não podem ser considerada uma derrota da Reupublica Positivista gaúcha. O partido de âmbito local União dos Filhos do Cahy é uma dissidência liberal do PRL, partido criado por Flores da Cunha para aglutinar os novos setores que emergem com a Era Vargas. A grande questão aqui é que não se pode dissociar a subida de Vargas ao poder do projeto político dos positivistas no RS. Ao contrário, Vargas é a coroação nacional deste sistema pensado por Julio de Castilhos e borges de Medeiros. Getúlio é fruto desse meio, criado dentro do Partido Republicano Riograndense (PRR).
2. Certamente o Castilhismo tratou a política com mão-de-ferro e com desassossegos para seus adversários, pereseguidos implacavelmente. Entretanto é inegável que os positivostas tinham um projeto de Estado para o RS, diferentemente das oligarquias que governanvam o resto do país, que possuiam um projeto, mas de Poder, não estatal.
3. Em relação aos "ismos" , faltou citar o mais paradoxal deles, o capitalismo, que indiscultivelmente é o aior causador de guerras, perseguições políticas e genocídios... Mussolini e Hitler, ao subirem ao poder, foram tolerados pelas potências capitalistas ocidentais por serem um "mal menor" e se demonstrarem antagôncios ao socialismo soviético, o que explica muita coisa...
Grande abraço!
Paulo DAniel Spolier