domingo, 17 de fevereiro de 2013

1682 - Ramiro Barcelos


Ramiro Barcelos foi político, administrador,
médico e escritor satírico
A principal rua de Montenegro tem o nome de Ramiro Barcelos em homenagem a um político e intelectual riograndense de trajetória um tanto surpreendente. Era primo de Borges de Medeiros (uma espécie de ditador do estado), mas não buscou alguma "mamata" com o parente. Foi, pelo contrário, crítico a ele, criando uma obra famosa na literatura e na política riograndense: Antônio Chimango. Uma sátira a Borges de Medeiros.

Na Wikipedia, é essa a biografia de Ramiro Barcelos:

"Ramiro Fortes de Barcelos (Cachoeira do Sul, 23 de agosto de 1851  Porto Alegre, 28 de janeiro de 1916) foi um político, escritor, jornalista emédico brasileiro.
Filho de Vicente Loreto de Barcellos e de Joaquina Idalina Pereira Fortes (irmã do Barão de Viamão), Ramiro Bacellos cursou o secundário na Escola Pública de Cachoeira do Sul, vindo a concluir o curso em Porto Alegre.
Cursou a Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. Exerceu os cargos públicos de ministro plenipotenciário no Uruguai durante a Revolução Federalista, secretário da Fazenda, procurador do estado do Rio Grande do Sul no Rio de Janeiro e superintendente das Obras da Barra de Rio Grande.
Exerceu os mandatos de deputado provincial nos períodos de 1877 a 18781879 a 1880 e 1881 a 1882; elegeu-se senador da República pelo Rio Grande do Sul de 1890 a 1899 e de 1900 a 1906. Criou, em 1902, como senador, a moeda cruzeiro, que só veio a ser adotada na década de 1940, no governo de Getúlio Vargas.
Colaborou com o jornal A Federação, desde seu primeiro número, no qual escreveu Cartas a d. Izabel, com o pseudônimo de Amaro Juvenal, que continuou sendo utilizado em poemas satíricos.
O que mais literariamente notabilizou Ramiro Barcellos foi um poemeto campestre, hoje considerado uma jóia da literatura gauchesca, elaborado entre 1910 e 1915, em razão de uma briga política contra seu primo Antônio Augusto Borges de Medeiros (1863-1961), então presidente do estado, ali retratado como Antonio Chimango.
Foi um dos apoiadores da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Foi homenageado pelo município de Porto Alegre com a denominação da Rua Ramiro Barcelos"

Aqui um trecho inicial do poema, pra ver como Ramiro contou, satiricamente, a história de seu poderoso primo:

10 ) Para les contar a vida
Saco da mala o bandônio
A vida de um tal Antônio
Chimango - por sobrenome,
Magro como lobisome,
Mesquinho como o demônio.

11 ) Nos cerros de Caçapava
Foi que viu a luz do dia,
À hora d'Ave-Maria,
De uma tarde meio suja;
Logo cantou a coruja
Em honra de quem nascia.

12 ) Veio ao mundo tão flaquito
Tão esmirrado e chochinho
Que, ao finado seu padrinho,
Disse espantada a comadre:
"Virgem do céu, Santo Padre !
Isso é gente ou passarinho ?"

13 ) "Você parteira e não sabe ?
Isto logo se descobre:
Terneiro de campo pobre
Não tem quartos nem papada,
É produção desgraçada,
Que não vale nem um cobre."

14 ) "Coitadinho, está tremendo
Sente frio o perereca."
"Qual sente frio, isto é seca,
Meta o guri na gamela,
Dê-le uns tirões na canela,
Pra que não fique guaipeca."

15 ) Saiu roxinho de frio,
Ansim meio encarangado,
Como um pintinho pesteado
Sai debaixo da goteira;
E o embrulhou a parteira
Nuns paninhos de riscado


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